A economia circular e resiliência no setor da Defesa Nacional
Tendo em conta o pós-pandemia da covid-19, crises e atual clima de guerra, torna-se ainda fundamental repensar a gestão da cadeia de abastecimento com base nas lições aprendidas.
A preocupação com a proteção e preservação do meio ambiente é uma responsabilidade partilhada: individual, das instituições e organizações, da sociedade em geral, mas do Estado em particular, que se deve constituir como exemplo, e o Ministério da Defesa Nacional, onde se encontram as Forças Armadas, não é exceção.
A seguir ao setor petrolífero, têxtil e alimentar, temos o setor dos transportes e aviação como um dos mais poluentes e ruidosos do mundo. Sendo uma das missões das Forças Armadas assegurar a defesa do território, do espaço marítimo e aéreo, também contribuímos de forma muito significativa para a atual pegada ecológica.
A “economia circular” tem sido um tema recorrente na agenda nacional, europeia e internacional nos últimos anos, sendo um conceito estratégico que assenta nos princípios da redução, reutilização, recuperação e reciclagem. Por isso, tem-se assumido como um elemento-chave na promoção do crescimento económico e no consumo sustentado de recursos.
Tal como a “resiliência” da cadeia de abastecimento, que se refere à capacidade de a mesma lidar com perturbações inesperadas após um choque disruptivo, nos últimos anos também tem sido uma das principais características valorizadas pelas empresas e organizações e representa uma forte fonte de vantagem competitiva no meio empresarial.
Neste sentido, a presente investigação tem por objetivo estudar as práticas de economia circular e resiliência nas cadeias de abastecimento e criar um roadmap de implementação das mesmas nas Forças Armadas, mais concretamente na Força Aérea Portuguesa.
No “estudo de caso” à Força Aérea Portuguesa, a recolha de dados será maioritariamente por observação, análise documental, questionários e entrevistas.
Num modelo de economia circular, pretende-se prolongar o valor dos produtos (ou serviços) o maior tempo possível no seu ciclo de vida, minimizando a utilização descontrolada de recursos, evitando desperdícios e, por conseguinte, criando um maior valor acrescentado. Esta mudança de paradigma assume-se como um desafio para todos e está a tornar-se cada vez mais importante nas cadeias de abastecimento das organizações.
Neste contexto, todos os stakeholders devem ser envolvidos para otimizar o planeamento e a performance da rede logística, desde a comunidade local aos governos. Portanto, a gestão da cadeia de abastecimento sustentável surge como uma área relevante e digna de estudo.
Para o presente estudo, tendo em conta o pós-pandemia da covid-19, crises e atual clima de guerra, torna-se ainda fundamental repensar a gestão da cadeia de abastecimento com base nas lições aprendidas.
A transição para uma economia circular não se limita a ajustes visando reduzir os impactos negativos da economia linear, mas representa, sim, uma mudança sistemática que constrói resiliência no longo prazo, gera oportunidades económico-financeiras e proporciona benefícios ambientais e sociais. A minha ciência acredita que ainda vamos a tempo.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico
Estudante de doutoramento do programa de gestão no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e militar da Força Aérea Portuguesa