Dez arguidos, quatro detidos, droga e dinheiro apreendidos em megaoperação da Polícia Marítima

Investigação identificou 249 imigrantes, cuja mão-de-obra está associada a redes criminosas de captura ilícita, comércio e tráfico internacional de bivalves. Explorados, viviam em condições desumanas.

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Megaoperação foi realizada pela Unidade Central de Investigação Criminal da Polícia Marítima Rui Gaudêncio
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A megaoperação que foi montada na quarta-feira pela Polícia Marítima com outras forças policiais identificou 249 imigrantes, cuja mão-de-obra está associada às redes criminosas de captura ilícita, comércio e tráfico internacional de bivalves, como a amêijoa-japónica ou amêijoa-japonesa (Ruditapes philippinarium), no rio Tejo. Foram detidas quatro pessoas, e constituídos dez arguidos na sequência desta operação, informou a Autoridade Marítima Nacional esta quinta-feira, em comunicado. Foram ainda apreendidas viaturas, materiais relacionados com a apanha e escolha de bivalves, droga e dinheiro.

É uma actualização relativamente à informação prestada, que dava conta da identificação de 243 imigrantes, sobretudo de origem asiática, que são aliciados por estas redes que lhes prometem melhores condições de vida. Na quarta-feira, as autoridades encontraram estas duas centenas e meia de pessoas em armazéns onde viviam em condições deploráveis, no meio de baratas, lixo, e em quartos onde existiam oito e nove camas, segundo relatou ao PÚBLICO fonte policial.

Ao contrário da informação avançada na quarta-feira, três detidos são portugueses e um outro tem nacionalidade vietnamita — não são todos portugueses. Segundo o PÚBLICO apurou, dois são os presumíveis cabecilhas desta rede de exploração laboral e crime organizado que “exportava” os bivalves do Tejo para outros países. Entre os dez arguidos, há ainda quatro empresas. Há um inquérito em curso no Ministério Público do Montijo, confirmou a Procuradoria-Geral da República.

De acordo com a Autoridade Marítima Nacional, “foram ainda apreendidos mais de 500 comprimidos de metanfetaminas, 15 viaturas e sete motores fora de bordo, um empilhador, duas armas brancas, provas documentais, equipamentos de escolha e acondicionamento de bivalves e 71 mil euros".

A investigação, que esteve a cargo da Unidade Central de Investigação Criminal (UCIC) da Polícia Marítima, decorria há mais de dois anos. Culminou na execução de “mais de 30 mandados de busca, apreensão e detenção em flagrante delito em Setúbal, Almada, Montijo e Samouco”. De acordo com a Autoridade Marítima Nacional, as investigações ainda se encontram em curso.

A Polícia Marítima contou com a colaboração da PSP, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), do Serviço de Informação e Segurança (SIS), da Autoridade Tributária, da ASAE e congéneres europeias, e da Europol.

Os migrantes identificados têm entre 24 e 45 anos e são sobretudo casais, oriundos de países asiáticos como a Tailândia, o Paquistão ou a Índia. Alguns estariam ali há cerca de três anos. Vários terão filhos nos países de origem e, por isso, sujeitam-se a condições de trabalho deploráveis para poderem ajudar a família. Nos armazéns que foram identificados, as autoridades concluíram que estes supostos “quartos” custavam aos migrantes entre 270 e 320 euros por mês, para dormirem em colchões num espaço sem condições de higiene ou privacidade. Não havia propriamente quartos, antes lençóis e madeiras a servirem de separadores.

De acordo com as autoridades, estes migrantes estão em situação regular no país, com excepção de “nove cidadãos estrangeiros” que foram notificados para comparência no SEF, “a fim de esclarecer a sua situação em território nacional”.

No local, além de várias forças de segurança, estiveram equipas do Instituto da Segurança Social, assim como do Alto Comissariado para as Migrações. As Câmaras do Montijo e de Alcochete disponibilizaram dois espaços para acolher estes migrantes de forma provisória. O apoio social a estas famílias ficará a cargo da Segurança Social.

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