Pedrógão: a ausência continua a queimar

Seis anos após a tragédia de Pedrógão Grande, está quase tudo por fazer e o sentimento é de abandono. Os habitantes vivem com medo de que algo parecido possa voltar a acontecer. Os perigos estão lá.

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Valter Vinagre
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Na aldeia de Nodeirinho, concelho de Pedrógão Grande, junto a uma encruzilhada de caminhos, há uma fonte de onde brota água fresquinha. Em contraste com o calor, aquele recanto, à sombra de um telheiro florido, podia ser a assoalhada de um oásis. Atrás tem uma pequena horta, onde há couves do tamanho de homens, anormalmente viçosas para a época, como se ousassem beber da fonte da vida, num lugar que parece ter sido abandonado por esta. Dantes, no período que antecedeu a Guerra Colonial e a grande vaga migratória dos anos 60, antes das fronteiras a salto e do stress pós-traumático, naqueles tempos em que do nada se faziam receitas, havia por ali gente, famílias, vida.

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