Portugal troca dívida de Cabo Verde de 140 milhões por investimentos na natureza

Os dois países já tinham acordado, em Janeiro, trocar 12 milhões de euros de reembolsos de dívida previstos até 2025.

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António Costa cumprimenta o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva à chegada ao Palácio de São Bento, em Lisboa EPA/RODRIGO ANTUNES

Portugal planeia trocar a totalidade da dívida de 140 milhões de euros que tem com Cabo Verde por investimentos no fundo ambiental e climático do arquipélago, disse o primeiro-ministro António Costa na terça-feira.

A troca de dívida por natureza é uma forma de resolver o dilema de como e quem vai pagar a factura das acções para "contrariar o impacto das alterações climáticas e acelerar a transição energética dos países em desenvolvimento", disse Costa num discurso conjunto em Lisboa com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, para anunciar o plano.

Cabo Verde, um arquipélago ao largo da África Ocidental que foi uma colónia portuguesa, já sofre com a subida do nível do mar e com a perda de biodiversidade devido ao aumento da acidez dos oceanos causada pelo aquecimento global.

Os dois países já tinham acordado, em Janeiro, trocar 12 milhões de euros de reembolsos de dívida previstos até 2025 e avaliar depois a eficácia deste mecanismo em projectos concretos.

"Estamos certos de que a avaliação que faremos em 2025 será positiva e que poderemos alargar este mecanismo a todos os 140 milhões de euros de dívida ao longo da sua maturidade", disse Costa.

Ulisses Correia e Silva sublimhou que os investimentos vão aumentar a resiliência do país e ajudar a atingir os objectivos de desenvolvimento sustentável.

O ministro disse que o seu país planeia investir 520 milhões de euros até 2030 em projectos de transição energética - como a energia eólica, solar e hidrogénio verde - "dos quais 65% serão financiados através destas conversões de dívida em natureza e por parcerias público-privadas".

Cabo Verde depende em 80% da energia importada de combustíveis fósseis, cujo preço aumentou acentuadamente após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.

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