Tribunal do Paquistão ordena a detenção sem fiança do ex-primeiro-ministro Imran Khan
Autoridades judiciais emitiram um mandado de captura do antigo governante, que já esteve detido em Maio. Khan, que é acusado de desvio de dinheiro, diz-se vítima de perseguição política.
Um tribunal antiterrorismo da cidade de Lahore, no Paquistão, emitiu esta terça-feira um mandado de detenção do ex-primeiro-ministro Imran Khan, sem possibilidade de fiança. As autoridades judiciais ordenaram ainda a detenção de vários membros do partido da oposição liderado por Khan, o Movimento pela Justiça do Paquistão (PTI, na sigla original).
Na origem da acusação estão os violentos protestos que eclodiram no Paquistão a 9 de Maio, na sequência da detenção de Imran Khan, acusado de desviar dinheiro público. Dois dias depois, o Supremo Tribunal declarou ilegal a sua detenção pela agência anticorrupção do país, e o ex-primeiro-ministro foi libertado sob fiança, por duas semanas.
Agora, o tribunal de Lahore, capital da província do Punjab, emitiu mandados de detenção contra o antigo primeiro-ministro e vários membros do PTI, incluindo os antigos ministros Hammad Azhar e Mian Aslam Iqbal, que assumiram várias pastas durante o mandato de Khan na chefia do Governo, de 2018 a 2022.
As autoridades estão a investigar em particular qual a sua ligação a um incêndio que deflagrou na sede do partido da Liga Muçulmana do Paquistão, cujo líder é o actual primeiro-ministro do país, Shehbaz Sharif.
Imran Khan diz-se vítima de um processo político e acusou tanto o Governo como as Forças Armadas de deterem os seus apoiantes para impedir a vitória do seu partido nas próximas eleições, acusando as autoridades nacionais de atacar instalações militares durante os protestos contra a sua detenção em Maio passado.
Na perspectiva de Shehbaz Sharif, os acontecimentos de 9 de Maio constituíram uma "manifestação de uma agenda terrorista e anti-Paquistão".
O Governo do ex-primeiro-ministro foi derrubado por uma moção de censura em Abril do ano passado, tendo Khan insistindo na tese de a oposição estar envolvida numa "conspiração externa" promovida pelos Estados Unidos para o afastar do poder. Desde então, afirmou repetidamente que os vários processos contra si resultam de pressões políticas.