A “economia cresce”, mas não “nos bolsos dos trabalhadores”, acusa Raimundo

Secretário-geral do PCP criticou os “lamentos hipócritas” e as “lágrimas de crocodilo” do PS e direita pela desertificação no arranque das jornadas parlamentares do PCP.

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Paulo Raimundo na abertura das jornadas parlamentares do PCP LUSA/MIGUEL PEREIRA DA SILVA
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O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, abriu esta segunda-feira as jornadas parlamentares do partido, na Covilhã, com críticas ao Governo por se alinhar com a direita para servir os interesses do patronato e dos grupos económicos e, apesar dos números positivos da economia, não reverter o dinheiro para os bolsos das pessoas.

"A economia cresce, é crescer por todo o lado, é sempre a subir, só que o crescimento dessa economia não se reverte em nada nos bolsos dos trabalhadores e dos reformados. Mas há quem se esteja a abotoar e muito bem a esse crescimento", afirmou o líder dos comunistas, na abertura dos dois dias de trabalhos do PCP.

Raimundo falava dos "principais grupos económicos", que "tiveram em 2022 20 milhões de euros de lucro por dia", e dos "5% mais ricos", que "concentram 42% de toda a riqueza criada no país". Mas foi o PS e a direita que acusou de permitir esse "rumo".

"De facto, são as opções políticas que determinam a persistência no rumo a que estamos a assistir. É a política de direita que determina a desertificação, o défice demográfico, o encerramento de serviços, o desinvestimento público", exemplificou.

Para Raimundo, "nada" se "consegue" com "medidas do Governo, que pretendem passar como progressistas agendas que, pondo de lado os amuos do patronato, no essencial, servem os seus interesses". Nem com um PS que se alinha com PSD, Chega e IL "como se alinham os astros nos seus objectivos" para recusar "tudo o que implica direitos e salários dos trabalhadores".

"Foi assim e é assim sempre que à frente da melhoria de vida dos trabalhadores se coloca a protecção dos lucros dos grupos económicos, foi assim no ataque aos serviços públicos, para criar espaço para o negócio dos grupos privados, foi assim no ataque aos sectores estratégicos e no caminho das privatizações", afirmou.

Os "lamentos hipócritas" pela desertificação

Falando junto à Serra da Estrela, o líder dos comunistas questionou também “de que servem as lágrimas de crocodilo e os lamentos hipócritas pela desertificação" do PS e da direita, quando "é precisamente a política de direita que provoca a saída das populações do interior do país, por não terem condições para cá ficar”. E afiançou: "O interior não está condenado e não aceitamos que o condenem”.

Raimundo defendeu, por isso, que o Governo invista nos serviços públicos, como o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública, a ciência e a investigação, mas também que apoie a agricultura e os agricultores ou que crie as regiões administrativas, dê mais meios para o poder local, garanta salários dignos e o acesso à habitação.

“Os serviços e sectores estratégicos têm de ser postos ao serviço do povo, não dos grupos económicos e dos seus accionistas”, defendeu.

Particularmente sobre a educação, Paulo Raimundo exigiu o “reconhecimento do tempo das carreiras congeladas” dos professores, sustentando que "53% dos docentes são precários" e que, dos "20 mil professores precários e com mais de três anos de serviço, o Governo apenas se compromete a vincular metade".

"A ausência de resposta do Governo às justas reivindicações dos professores é uma opção política com graves consequências na vida destes trabalhadores", sendo o executivo o “único responsável pela forma como termina e inicia o lectivo”, disparou.

Num momento em que passam seis anos dos incêndios de Pedrógão Grande e estando o PCP na Serra da Estrela para avaliar os impactos e as respostas aos incêndios dessa região, Paulo Raimundo atirou-se também ao Governo por fazer muitos anúncios, ao passo que “continuam a faltar medidas estruturais” no combate aos fogos e na seca.

Foi também por aí que a líder da bancada do PCP, Paula Santos, fez a sua intervenção. "Não faltaram anúncios e promessas da parte do Governo. Foi dito que seria uma oportunidade. Importa perceber o que foi feito e o que está por fazer”, disse, marcando o tom do resto dos trabalhos que se seguem ao longo das jornadas.

Além dos incêndios, os comunistas pretendem que as jornadas se centrem em "soluções" para a "perda de população", o "encerramento dos serviços públicos", a "destruição de postos de trabalho" ou a manutenção das ex-scuts.

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