Biliões de dólares para subsidiar combustíveis chegavam para financiar acção climática

Estudo do Banco Mundial conclui que despesas governamentais nestes três sectores valem 1,25 biliões de por ano.

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Apoios aos combustíveis fósseis contribuem ainda mais para as alterações climáticas Daniel Rocha

O Banco Mundial defende que os biliões de dólares gastos em subsídios à agricultura, pescas e combustíveis fósseis em todo o mundo deviam ser usados para ajudar os países a lidar com as alterações climáticas.

"As pessoas dizem que não há dinheiro para o clima, mas há, só que está nos sítios errados", disse o dirigente do Banco Mundial Alex van Trotsenburg, na apresentação de um novo relatório sobre a realocação do valor gasto em subsídios para política em propósitos ambientais.

O novo estudo, com o título "Desintoxicar o Desenvolvimento: Dar novo uso aos subsídios nocivos para o ambiente", diz que "as despesas governamentais nestes três sectores valem 1,25 biliões de dólares [1,14 biliões de euros] por ano, mais ou menos o tamanho da economia do México" e salienta que é preciso alocar estas verbas de forma mais eficiente.

"Se pudermos recanalizar os biliões de dólares que são gastos de forma ineficaz em subsídios e os colocássemos em utilizações melhores e mais verdes, podíamos lidar com muitos dos problemas mais prementes do planeta", argumentou Alex van Trotsenburg, citado no comunicado do Banco Mundial.

Em 2021, os países gastaram 577 mil milhões de dólares, cerca de 527 mil milhões de euros, com subsídios para "manter artificialmente baixo o preço de combustíveis poluentes como o petróleo, o gás e o carvão, fomentando ainda mais as alterações climáticas, e causando poluição na atmosfera, desigualdade, ineficiência e mais dívidas", aponta o Banco Mundial, salientando que "redireccionar estes subsídios pode desbloquear pelo menos meio bilião de dólares [457 mil milhões de euros] para usos mais produtivos e sustentáveis".

Reconhecendo que os subsídios não podem ser cortados de um dia para o outro, o Banco Mundial defende que os governos têm de "compensar os grupos mais vulneráveis", através de programas de assistência e transferências financeiras directas.

Assim, propõem que seja construída sensibilização popular através de uma comunicação transparente, garantir tempo para as populações e as empresas se adaptarem e mostrar como os fundos libertados são reinvestidos em projectos que assegurem um desenvolvimento de longo prazo.