Associação de Vítimas de Pedrógão desconhece que inauguração de memorial dependa da câmara

A presidente da associação afirmou que o presidente da câmara não referiu qualquer “pendência” relativa à inauguração do memorial. “Não é a câmara que é dona da obra, mas o Governo português”, disse.

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O memorial das vítimas dos incêndios de Pedrogão foi aberto sem inauguração ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) disse este sábado desconhecer que a inauguração do memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 esteja dependente do município de Pedrógão Grande.

"O presidente da câmara esteve hoje [sábado] comigo e não referiu qualquer pendência para que o memorial fosse eventualmente inaugurado", disse Dina Duarte, confrontada com uma mensagem no Twitter do primeiro-ministro a indicar que uma homenagem acontecerá em data a escolher pela autarquia.

Dina Duarte, que falava aos jornalistas, salientou que a Infra-Estruturas de Portugal entregou a obra e, "que se saiba, não é a Câmara Municipal que é o dono da obra, mas sim o Governo português".

O memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 abriu na quinta-feira, junto à Estrada Nacional 236-1, na zona de Pobrais, Pedrógão Grande (Leiria), com o nome das 115 vítimas mortais dos fogos naquele ano, sem cerimónia de inauguração.

O primeiro-ministro evocou este sábado a memória das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, no dia em que passam seis anos da tragédia, indicando que uma homenagem acontecerá em data a escolher pela autarquia.

"Para mim é uma surpresa. Mais surpreendente é quando o primeiro-ministro faz uma comunicação que é muito pouco para este território", disse a presidente da AVIPG.

Dina Duarte considerou que a forma de o líder do Governo se dirigir às pessoas dos territórios afectados pela tragédia de 2017 "não é a melhor" e lamentou que não mereçam "outro tipo de comunicação e de atitude, num território que há seis anos sofreu tanto".

A responsável frisou ainda que o território continua abandonado, com péssimas telecomunicações, "como esteve nos dias do incêndio em Junho de 2017".

"O território continua por sua conta e, lamentavelmente, tanto dinheiro foi doado pelos portugueses e agora até isso nos querem tirar [fundo Revita]", lamentou a presidente da AVIPG, lembrando que continuam por executar os projectos-piloto prometidos para os territórios afectados.

Na tarde deste sábado, quando passam seis anos da tragédia que vitimou 66 pessoas, a AVIPG participa numa missa em memória das vítimas, em Vila Facaia (Pedrógão Grande), e deposita uma coroa de flores no memorial.

"O memorial de homenagem era uma coisa que não deveria sequer criar polémica, que já criou por outras questões, mas sim um motivo para estarmos a prestar homenagem, e não a criar outro cenário", sublinhou.