Certificados de aforro: PSD, PCP e BE acusam Governo de favorecer a banca

PS defende que não há qualquer “submissão” à banca, mas uma “gestão racional” do “endividamento do Estado”.

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Esquerda e direita uniram-se para censurar alterações aos certificados de aforro impostas pelo Governo LUSA/MÁRIO CRUZ
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O PSD, o PCP e o Bloco de Esquerda (BE) alinharam esta quarta-feira nas críticas ao Governo por ter suspendido a série dos certificados de aforro que oferecia uma taxa de remuneração de 3,5% ao ano por uma série com uma taxa de 2,5%, acusando os socialistas de favorecerem a banca.

Na declaração política desta quarta-feira do PCP, o deputado Duarte Alves considerou que o "fim da série E dos certificados de aforro insere-se num longo caminho de submissão aos interesses da banca" e acusou os socialistas de não se distinguirem da direita nas "opções de favorecimento da banca". "A banca mandou e o Governo obedeceu", afirmou.

Para Duarte Alves, existem "muitos episódios que mancham o PS e os partidos à direita", mas o dos certificados de aforro "é demasiado flagrante da política ao serviço do grande capital, dos lucros milionários de uma banca que quer mostrar que manda no país, de um Governo que obedece, mostrando mais uma vez para que serve esta maioria absoluta" e de uma direita que não tem uma "alternativa que sirva o país".

O deputado salientou que a banca podia ter optado por aumentar os juros que pagam aos depositantes e defendeu que o Governo deve "manter este instrumento de pressão à banca", assim como "acrescentar outros mecanismos para fazer subir a remuneração dos depósitos, mobilizando a Caixa Geral de Depósitos".

Joana Mortágua, do BE, juntou-se às críticas, acusando o PS de, em vez de enfrentar os "credores internacionais", prejudicar os "pequenos aforradores portugueses", isto é, a "classe média, os idosos, os reformados", que não investem na especulação do mercado, mas sim "nos títulos da dívida pública que o Estado disponibiliza".

"O Governo prefere pagar juros mais altos a credores externos e prejudicar pequenos aforradores para deixar que a banca continue a ganhar sem ser mal vista", disse, criticando os bancos por "remunerarem miseravelmente os depósitos a prazo" e simultaneamente "lucrarem 10 milhões ao dia".

Pelo PSD, o deputado Rui Vilar, além de criticar "o comportamento selvagem por parte do sector bancário" devido aos "lucros excessivos" que tem acumulado, considerou igualmente que a mudança nos certificados de aforro "é um favor inexplicável à banca" que "afunda a classe média".

Carlos Brás (PS) defendeu que não houve qualquer "submissão", antes uma "gestão racional de um instrumento financeiro importantíssimo que é o endividamento do Estado", sendo necessário "equilibrar as necessidades do Estado com incentivo à poupança e o encargo de remuneração dessa dívida".

Segundo o socialista, a adesão dos portugueses aos certificados de aforro é um sinal positivo de "confiança nas instituições", mas o montante previsto para este instrumento foi "largamente ultrapassado", tendo sido já atingidos 10 mil milhões só este ano. O socialista defendeu, por isso, que a série F garante o "equilíbrio de sustentabilidade e a remuneração acima das taxas praticadas pela banca", que, diz, é "justa e competitiva no mercado".

Direita critica resposta do Governo aos incêndios

O debate passou também por críticas por parte do PSD e da IL ao Governo por ter falhado na resposta aos incêndios de 2017, como o de Pedrógão Grande, que faz este sábado seis anos, tendo o presidente dos liberais defendido que as florestas são melhor geridas pelos privados do que pelo Estado.

Na sua declaração política, o presidente da IL acusou o Governo de "incompetência, desleixo, compadrio e demasiada insensibilidade" na gestão dos fogos, bem como de ter feito "negócios ruinosos" no que diz respeito à aquisição dos helicópteros Kamov e do Siresp, ao invés de ter apostado na prevenção dos incêndios.

E defendeu ainda que "a floresta que está bem gerida em Portugal é a que pertence a privados, a grupos económicos que a exploram com sentido de responsabilidade e com sentido também de rentabilidade".

O vice-presidente da bancada do PSD, João Moura, alinhou pela mesma bitola, considerando que com o "Governo PS os incêndios começam a normalizar-se" devido ao "abandono do mundo rural".

Pelo PS, o deputado Francisco Pereira defendeu, contrariamente, que houve um reforço de meios humanos e de combate, bem como uma maior aposta na prevenção. Com Lusa

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