Trans, homem e grávido: Up the duff man

A estranheza de uma gravidez quando tudo dentro de Logan lhe diz ser um homem. Foi sempre um homem. Finalmente havia a barba, a ablação do peito, a voz grave.

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Megafone P3: “Up the duff man”, trans, homem e grávido Glamour Magazine
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Sou um homem mas estou grávido? Não, e permitam-me corrigir: sou um homem e estou grávido, uma apresentação ao invés de uma explicação, um cumprimento no lugar de uma desculpa, um olá e não uma justificação quando não se pode apenas ser um homem trans sem receber uma pergunta do outro lado.

Este é o mote para Up the duff man, o blogue de Logan Brown, nascido biologicamente feminino, atraído por mulheres, submetido a terapia hormonal para transição de género, numa relação com um homem, grávido e aqui estamos nós.

Culpa de uma terapia hormonal cujos efeitos secundários entre fígado e pulmões levaram a uma interrupção momentânea do tratamento, que resultou no regresso do período e na ideia de um casal e um cão de lado, ou assim pensava Logan, o seu para todo o sempre até não ser para sempre. Até vir um bebé a caminho e, apesar da felicidade plena do casal, as perguntas: “O que irão os outros pensar?”, “quando o bebé crescer, o que é que lhe vamos dizer?”.

Aparece a mesma surpresa do lado de lá da linha quando se procura marcar a primeira consulta obstétrica e a enfermeira ao telefone se mostra incapaz de compreender ou perceber, fruto da voz grave de Logan. Ele igual a qualquer gestante e genuinamente à procura do acompanhamento médico requerido quando um novo ser se prepara para vir ao mundo.

Os olhares confusos das demais gestantes na sala de espera, a ignorância do mundo e tudo por fazer apesar das marchas, apesar dos direitos, apesar de Junho e Stonewall, de repente tão distante quando se quer apenas ser e viver.

E, ao mesmo tempo, a estranheza de uma gravidez quando tudo dentro de Logan lhe diz ser um homem. Foi sempre um homem, mesmo se biologicamente feminino. Finalmente havia a barba, a ablação do peito, a voz grave. Na mente, um homem, e o corpo lá quase: no entanto, uma gravidez.

É a primeira, mas quem sabe se outra oportunidade haverá. A ansiedade das primeiras 12 semanas quando tudo pode acontecer e tudo em Logan a querer esta criança feita milagre para contar ao mundo.

E sim, é uma menina! Diante das perguntas sobre se Logan e o seu parceiro se propõem a criar a bebé como pessoa não-binária ou sem género, a resposta fica para mais tarde e não para eles decidirem.

A partilha da grande novidade nas redes foi recebida com uma onda de emoção e amor, levando à criação do blogue para partilhar uma aventura e viagem únicas, seguidas de entrevistas para a rádio e agora Logan como capa de revista.

E que viagem tem sido, agora sem medo, sem dúvidas — e aqui minto por haver sempre dúvidas, mas vocês percebem e pelo menos há mais certezas — e Logan passa agora a palavra: por uma questão de orgulho, pelo direito, pela inclusão, aceitação, dignidade, por quem nos antecedeu e em nome desta criança que nos precede.

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