Líder da IL acusa Costa de “estar em fuga” há 50 dias sobre actuação do SIS
Rui Rocha afirmou que não seriam precisas “nem comissões de inquérito, nem debates, nem perguntas” se o primeiro-ministro dissesse aos portugueses “o que realmente se passou”.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL) acusou esta segunda-feira o primeiro-ministro de estar "há mais de 50 dias em fuga dos portugueses", pedindo-lhe que ponha a "mão na consciência" e esclareça a verdade sobre a actuação do SIS no Ministério das Infra-estruturas.
Em declarações aos jornalistas no arraial liberal, em Lisboa, Rui Rocha salientou que, durante a comissão de inquérito à TAP, vieram a público "muitas versões diferentes, muitas faltas de verdade, muita evidência da péssima gestão" das empresas públicas, e em particular da TAP.
O líder da IL destacou que foram descobertas "reuniões secretas, pedidos de informação de ministérios que depois foram respondidos por um secretário de Estado", assim como a "ausência de versões fiáveis" da parte dos governantes.
"E descobrimos sobretudo, até agora, um primeiro-ministro que há mais de 50 dias está em fuga dos portugueses, porque, na verdade, nós não precisávamos nem de comissões de inquérito, nem de debates, nem de perguntas: era tão simples quanto o primeiro-ministro vir dizer aos portugueses o que realmente se passou", disse.
Para o líder da IL, António Costa ainda "está a tempo de o fazer" e "pode poupar aos portugueses a continuação de um triste espectáculo, de uma degradação das instituições permanente, da exposição até de ministros do seu Governo a versões contraditórias e a momentos pouco sérios".
"O primeiro-ministro tem nas mãos acabar com isso e, portanto mais do que aquilo que eu espero de cada uma das intervenções das pessoas que vão ser ouvidas [esta semana na comissão de inquérito], eu espero que o primeiro-ministro possa pôr a mão na consciência e vir, de uma vez, dizer aos portugueses a verdade sobre todos estes factos", disse.
Nestas declarações aos jornalistas, Rui Rocha foi questionado sobre a notícia divulgada esta manhã pelo Correio da Manhã, segundo a qual o Governo tem, desde Dezembro de 2015, uma "pen" com pareceres sobre os fundos Airbus, no valor de cerca de 226,9 milhões de dólares (202,2 milhões de euros, ao câmbio da época), que David Neeleman utilizou para capitalizar a TAP.
Para Rui Rocha, essa notícia "é mais uma evidência de que uma há enorme trapalhada a rodear tudo o que diz respeito à TAP" e "mais uma manifestação da gestão perfeitamente amadora, despudorada do que o PS tem feito de uma empresa que agora é pública".
"Não foi para isto seguramente que os portugueses deram 3.200 milhões de euros à TAP. Esse dinheiro faz muita falta: 3.200 milhões dão para fazer 30 hospitais do Oeste e os portugueses estão privados de melhor saúde, de melhor educação, para depois assistirmos a este triste espectáculo", defendeu.
Interrogado sobre qual é a sua expectativa quanto ao posicionamento dos restantes partidos à proposta da IL de constituição de uma comissão de inquérito à actuação do SIS, que vai ser debatida esta quarta-feira no parlamento, Rui Rocha respondeu que o seu partido fez a sua parte.
"Fazemos a nossa parte, é importante que agora cada um dos outros partidos faça a sua: que o PS tenha um momento em que diz "temos de permitir a descoberta da verdade", ao contrário daquilo que tem feito, e o PSD também assuma as suas responsabilidades", referiu.
Rui Rocha acrescentou que o seu partido não espera por ninguém, salientando que "os outros têm de fazer a sua parte", advertindo que haverá "um julgamento político dos portugueses sobre o papel de cada um sobre estas matérias".
Sobre o arraial liberal, organizado anualmente pela IL, Rui Rocha disse que o seu partido "quer afirmar a esperança no futuro, a confiança", salientando que é possível que haja um país diferente, que cresce", onde os portugueses têm "mais oportunidades".
"O partido quer e o país precisa de uma vida nova, de acreditar, de confiança. Não há nenhuma razão para os portugueses aceitarem a versão dos factos de quem lhes diz que isto não pode mudar, que não pode ser melhor", disse.