César quer que democratas actuem “conscientes das consequências” de palavras e actos
“A confiança na democracia não está dissociada da percepção que as pessoas têm sobre a conduta, a acção e os resultados das instituições e dos seus protagonistas”, disse o presidente do PS.
O presidente do PS defendeu esta sexta-feira a importância de os democratas actuarem com "consciência das consequências da sua palavra e actos" e alertou que a confiança na democracia não está dissociada da percepção das pessoas da conduta dos seus protagonistas.
"A confiança na democracia não está dissociada da percepção que as pessoas têm sobre a conduta, a acção e os resultados das instituições e dos seus protagonistas, pelo que todos, começando pelos socialistas, devemos fazer mais e melhor, e, sobretudo, com o maior apuro ético e respeito pelos que depositaram em nós a sua confiança", apelou Carlos César.
Esta mensagem foi feita num vídeo divulgado no 30.º aniversário do PES Women (Mulheres Socialistas Europeias), que decorreu esta sexta-feira na sede nacional do partido, em Lisboa.
Na opinião do presidente do PS, "importa, por isso, que todos os democratas actuem com a consciência das consequências da sua palavra, dos seus actos e do seu compromisso histórico".
"Importa, também por isso e para isso, nos nossos países, que, em defesa da democracia, trabalhemos para que a nossa democracia alcance bons resultados e que ganhem conteúdo, direitos justamente reclamados por todos, em particular pelos jovens, nos diversos planos sociais e económicos", salientou, referindo áreas como a habitação, a "eficácia das funções e dos serviços públicos" ou a "suficiência e justiça dos rendimentos do trabalho".
Para Carlos César, "muitos dos factores de instabilidade política e social" actual têm origem "nos défices" em várias dessas dimensões e "no entorpecimento que os partidos e políticos conservadores, de esquerda e de direita, revelam, frequentemente, face às mudanças imprescindíveis".
"Devemos, pois, todos os democratas, ter a coragem e a inovação necessárias, devendo essa coragem e essa inovação serem lideradas pelos socialistas europeus", sublinhou.
Na sua intervenção, Carlos César alertou para "múltiplos e crescentes riscos" para a democracia presentes actualmente no espaço europeu.
"A normalização dos populistas e dos extremistas de direita, que algumas forças políticas moderadas fazem, num jogo duplo para acederem ou se conservarem no poder, é alimento da destruição da própria democracia, e estímulo para, uma a uma, ruírem conquistas históricas que moldam as sociedades progressistas assentes no respeito pela diversidade da condição humana e cultural e pelas liberdades", alertou.
Para o presidente do PS, "os riscos que hoje impendem sobre as democracias exigem clareza, empenho e comprometimento dos democratas".
"Nestes tempos de excepcionais exigências, os socialistas democráticos, sem perda da sua identidade ideológica, têm de se revigorar como obstáculos a esses desvios e como agregadores de novas maiorias políticas, capazes de barrar os caminhos aos extremismos e centradas no reforço e não no condicionamento das democracias. São desafios que requerem a coragem e a inovação que não nos podem faltar", apelou.
Reforçar participação de mulheres e jovens
Sobre o 30.º aniversário do PES Women, Carlos César realçou que em Portugal e na Europa "foram dados passos significativos nas matérias que mais se prendem com os direitos humanos e, em especial, os direitos e oportunidades das mulheres".
"Infelizmente, porém, subsistem casos em que esses avanços são escassos ou incompletos -- isso quer dizer que o trabalho das Mulheres Socialistas não só é necessário como não pode nem deve abrandar na concretização de essas e de outras mudanças", afirmou.
Carlos César defendeu ainda que, "à escala institucional europeia, era importante, muito além de uma comissão parlamentar de especialidade, reforçar a participação das organizações de mulheres, tal como as dos jovens, como instâncias obrigatórias nos processos europeus correlacionados de auscultação e de decisão".
A ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, não pôde estar presente no evento mas enviou uma mensagem escrita que foi lida, na qual defendeu que "assumir a igualdade entre mulheres e homens não significa que a mulher queira ser homem, mas sim ser mulher significa ter os mesmos direitos que os homens".
"Agora que estamos a menos de um ano dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 dou por mim a pensar sobre que igualdade nestes 50 anos de liberdade? E é muita a igualdade que já conquistámos aqui, como na Europa. Temos que ganhar dessas conquistas alento e força para não deixar que o progresso seja travado ou até que regrida, como se tem visto por exemplo na Polónia, na Hungria e nos Estados Unidos da América em relação à interrupção voluntária da gravidez", afirmou a ministra que tem a tutela da Igualdade e Migrações.