Provas de aferição canceladas e escolas fechadas. Adesão à greve dos professores é “forte”
Docentes param esta terça-feira, data simbólica por coincidir com os seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço não contabilizado nas carreiras.
A greve de professores desta terça-feira está a ter um “forte impacto” nas escolas, dizem os directores. O protesto convocado para exigir a recuperação integral do tempo de serviço congelado fez fechar muitas escolas, sobretudo do 1.º ciclo, e obrigou ao cancelamento de provas de aferição marcadas para esta manhã em vários estabelecimentos de ensino.
A adesão à greve por parte dos professores está a ser “forte”, qualifica o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, que dá conta de várias escolas “que não abriram” as suas instalações, sobretudo no 1.º ciclo. “Há muitas escolas onde não se realizaram as provas de aferição”, avança o mesmo dirigente.
Para a manhã desta terça-feira estava agendada a prova de aferição de História e Geografia de Portugal do 5.º ano. Estavam previstos dois turnos (9h30 e 11h30), devido à realização destas provas pela primeira vez em formato digital.
“Boa parte das escolas ou está fechada ou está a funcionar com muito pouca gente”, confirma Manuel Pereira, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares. “Tenho duas professoras a trabalhar esta manhã dos 90 que fazem parte da escola”, exemplifica aquele responsável, que é director do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto, de Cinfães.
Filinto Lima lembra o “simbolismo” do protesto de hoje – a data de 6/6/23 coincide com os seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço não contabilizado nas carreiras dos docentes – para encontrar explicação para um protesto tão participado, na fase final de um ano lectivo também marcado por greves nas escolas.
Os professores dizem que não irão desistir do tempo de serviço congelado, mas aceitam que essa recuperação seja feita de forma faseada.
A luta entre sindicatos e ministério da Educação subiu de tom nas últimas semanas, em especial entre a tutela e a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), com acusações mútuas. Em declarações à agência Lusa, o ministro João Costa defendeu que as greves aos exames e avaliações colocam em causa a escola pública.
“Estamos a chegar a um momento em que os que estão a ser mais prejudicados são aqueles que dependem mesmo da escola pública, são os que não têm dinheiro para pagar explicações, são os que não têm outros estímulos. É a essência da escola pública que está a ser posta em causa por estas greves sucessivas”, disse.
Em resposta, a Fenprof apontou o dedo ao Governo acusando-o de ser o único responsável pela greve, uma vez que o que está na origem da paralisação é “o desinvestimento” do Governo e de outros na escola pública.
O protesto desta terça-feira foi convocado por uma plataforma de nove organizações sindicais, que inclui Fenprof e FNE. Além da greve, estão marcadas manifestações nas ruas do Porto, de manhã, e Lisboa, ao início da tarde. Será nessa ocasião que os sindicatos deverão fazer o seu balanço deste dia de luta nas escolas.