Marcelo aconselha “reformismo”, em vez de “rupturas” e dá recado ao ministro da Saúde

Presidente da República defendeu que o Estado deve financiar sustentadamente as misericórdias e não aos “bochechos”.

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Marcelo defendeu que o Estado devia financiar sustentadamente as misericórdias
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Perante dezenas de representantes de IPSS, o Presidente da República defendeu a necessidade de o Estado assegurar financiamento estrutural às misericórdias num discurso em que fez a apologia do reformismo, em vez das rupturas. Como tinha na primeira fila o ministro da Saúde, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para pedir “aceleração” da reestruturação do SNS para não ficar a meio da ponte.

Depois de se ter aproximado de algumas dezenas de trabalhadores do sector social, que se manifestavam à porta do congresso nacional das misericórdias, em Lisboa, o Presidente da República foi ao púlpito da sala para lembrar que, há sete anos, numa ocasião semelhante, havia “forças políticas” a defender que o tempo destas instituições já tinha passado e que o Estado devia chamar a si as funções que elas desempenham.

Com o líder do PSD, Luís Montenegro, na primeira fila, e sem referir partidos, Marcelo estava a aludir à esquerda e voltou agora a reforçar como essa ideia estava errada. “Não é possível o Estado chamar a si o papel das misericórdias”, sustentou, sublinhando a necessidade de um financiamento sustentado ao longo do tempo, como se resultasse de uma questão “de regime, e não apenas em situações “aflitivas” para o sector.

“Não pode ser com bochechos de dois em dois anos, ou de três em três anos, coincidindo ou não com ciclos eleitorais. O que se pede é clarificação”, defendeu, acrescentando que esse financiamento “tem um preço” que é a “fiscalização”.

O Presidente aproveitou a mensagem do ministro da Saúde, que interveio anteriormente, de que é preciso “reaproximar o sector social e a saúde”, para lembrar a reestruturação do SNS. “Está em curso e espero que se acelere, não se pode estar no meio da ponte. Não há nada pior do que estar a meio da ponte, não agrada nem a um lado nem a outro”, disse. E acrescentou: “É uma aposta que eu apoiei, mas é preciso que chegue ao outro lado da ponte.”

Marcelo lembrou também o esforço do sector social durante a pandemia, mas deixou claro que “ficou muito patente uma muito difícil articulação entre saúde e sector social” e que na “Segurança Social, apesar da máquina informatizada em Lisboa e altamente sofisticada, foi difícil passar [a resposta] ao terreno”.

Depois da pandemia, e perante novos desafios, o Presidente sugeriu que se façam mudanças através de “renovações”, em vez de revoluções, desaconselhando as rupturas. “Eu digo-vos que a experiência das rupturas tem um preço muito caro. A ditadura impediu a reforma, e por isso teve de haver uma revolução em Portugal”, sustentou, apontando o exemplo de Espanha, onde houve uma transição de poder. E rematou: “Acho preferível o reformismo do que a ruptura com efeitos imprevisíveis.”

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