Timor, tão longe e tão perto: “As praias são maravilhosas. As pessoas também”

O leitor Pedro Mota Curto partilha a sua experiência em Timor, entre praias paradisíacas, os caminhos da história, as marcas da herança portuguesa.

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Em Baucau, praias "maravilhosas" a descobrir Pedro Mota Curto
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Timor fica mesmo muito longe. Do outro lado do mundo, a norte da Austrália e a sul da Indonésia oriental. No entanto, no restaurante do Hotel Timor, no centro de Díli, o prato do dia era um maravilhoso arroz de polvo, seguindo-se uma sobremesa de torta de laranja.

Em Timor, a língua portuguesa é amplamente utilizada e existe uma razoável presença de cooperantes portugueses, em diversas áreas. O país é pequeno mas as distâncias não se medem por quilómetros mas sim por horas de caminho, pois as infra-estruturas ainda necessitam de muitos melhoramentos, apesar de, segundo dizem, o país ter feito grandes progressos nos últimos 20 anos.

Nota-se a presença portuguesa, chinesa, australiana e indonésia mas, em Díli, são vários os restaurantes que oferecem comida tradicional portuguesa, existindo até um relevante supermercado recheado de produtos oriundos de Portugal.

Em Timor, existem duas línguas oficiais, o português e o tétum, língua crioula que resulta da mistura da língua malaia com a língua portuguesa, sendo que muitas palavras de tétum são bastante semelhantes aos vocábulos portugueses.

O Cemitério de Santa Cruz é um local emblemático de Díli, devido aos trágicos acontecimentos ali ocorridos em Novembro de 1991, cujas imagens percorreram o mundo graças às filmagens dos australianos Max Stahl e Steve Cox. A concentração e a diversidade de sepulturas e jazigos é impressionante. Mal se consegue caminhar no seu interior.

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O cemitério de Santa Cruz Pedro Mota Curto

O Museu da Resistência Timorense (Rezisténsia Timorense – Arkivu & Muzeu) é outro local de visita obrigatória. Construído e organizado com o patrocínio de diversas instituições e com a colaboração de diversas personalidades portuguesas, foi inaugurado em 2012, tendo em 2014 publicado um belíssimo Catálogo.

As praias timorenses que visitámos situam-se nas cidades de Díli, Baucau e Liquiçá. Extensos areais, a maioria quase virgens, desertos e tranquilos paraísos, areias brancas, mar sereno, palmeiras tropicais e muito calor. Apenas subsiste um pormenor ao qual há que estar atento, os crocodilos. Neste mar vivem crocodilos de água salgada. Tal como na Austrália. Grandes crocodilos, com enormes e possantes caudas. Raramente, mas por vezes repousam no areal, à beira-mar. Tal como os australianos conseguiram minimizar este problema, também os timorenses o terão que fazer. Apesar de em muitas praias não haver registo da sua presença.

Baucau é a segunda cidade de Timor, situando-se a duas horas de distância de Díli, utilizando uma moderna estrada alcatroada. A antiga pousada portuguesa é um alojamento e restaurante de referência. As praias são maravilhosas. As pessoas também.

Liquiçá fica a trinta minutos de Díli, de automóvel, tendo alguns quilómetros de auto-estrada. Aqui é possível passear numa das melhores praias do país, que se estende por uma baía esplendorosa. Praia quase deserta, tranquila, mas onde existe o resort Lauhata, que proporciona alojamento e refeições de extraordinária qualidade.

Continuando para oeste, a 65Km da fronteira com a Indonésia, encontra-se o Forte de Maubara, construído pelos holandeses em 1756 mas que passou para a posse dos portugueses em 1859, que nesta data trocaram a Ilha das Flores pela região de Maubara e outras províncias, então na posse dos Holandeses.

Pedro Mota Curto (texto e fotos)

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