Nobel da Paz transferido para prisão “brutal” na Bielorrússia e não é visto há um mês

A mulher de Ales Bialiatski diz que não tem informações do marido desde a transferência para a colónia N9 em Gorki, onde afirma que os presos são espancados e submetidos a trabalhos forçados.

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Em Março, um tribunal condenou Bialiatski, de 60 anos e três dos seus colegas sob a acusação de financiarem acções que violam a ordem pública e contrabando EPA/TATYANA ZENKOVICH

O Prémio Nobel da Paz Ales Bialiatski foi transferido para uma prisão notoriamente brutal na Bielorrússia e não é visto há um mês, revelou a esposa. O activista bielorrusso encontra-se a cumprir uma pena de prisão de dez anos por alegadamente ter feito entrar ilegalmente na Bielorrússia dinheiro para financiar o seu grupo pró-democracia.

A mulher do activista, Natalia Pinchuk, disse à Associated Press que não tem informações do marido desde a sua transferência para a colónia N9 para reincidentes na cidade de Gorki, onde diz que os presos são espancados e submetidos a trabalhos forçados.

“As autoridades criam condições insuportáveis e mantêm-no em restrito isolamento informativo. Não há uma única carta dele há um mês, nem ele recebe as minhas cartas”, disse Pinchuk por telefone.

Em Março, um tribunal condenou Bialiatski, de 60 anos – o principal defensor dos direitos humanos da Bielorrússia e um dos galardoados com o Prémio Nobel da Paz de 2022 – e três dos seus colegas sob a acusação de financiarem acções que violam a ordem pública e contrabando.

“Nas cartas mais recentes, vejo como a sua caligrafia mudou e vejo como a situação está a piorar para ele, tanto em termos de saúde quanto de visão, e estou muito, muito preocupada com isso”, disse a esposa.

A punição de Bialiatski e três colegas foi uma resposta aos protestos nas eleições de 2020 que deram um novo mandato ao presidente Alexander Lukashenko. Lukashenko, um aliado de longa data do presidente russo Vladimir Putin, que apoiou a invasão russa da Ucrânia, governa o país desde 1994.

Durante os protestos de 2020, mais de 35 mil pessoas foram detidas.