O Collectif Kahraba atira barro às fronteiras para falar sobre a humanidade
Companhia libanesa traz ao FIMFA Géologie d’Une Fable, espectáculo em que histórias viajadas no espaço e no tempo, comuns a vários povos, são moldados pelo barro. No São Luiz, até sexta-feira
Numa das primeiras cenas de Géologie d’Une Fable, espectáculo da companhia libanesa Collectif Kahraba, um burro avança até onde pode. Até ao ponto em que, com uma óbvia agressividade, portas e muros se erguem à sua frente, pondo fim à sua viagem. O espectáculo que Éric Deniaud e Aurélien Zouki trazem à 23.ª edição do FIMFA, com apresentações entre esta quarta-feira e 26 de Maio no Teatro São Luiz, em Lisboa, é pleno de uma linguagem metafórica e poética. Mas, nesta cena inicial, tudo é límpido: as fronteiras, ideias físicas sobre linhas imaginárias, ditam o rumo das vidas no planeta e estabelecem sem clemência direitos e oportunidades desiguais. Para o Collectif Kahraba, “a questão das fronteiras e das migrações é quase a nossa vida diária”, explica Éric Deniaud ao PÚBLICO. “Como companhia, estamos muito ligados a esta realidade – temos viajado muito por campos de refugiados palestinianos, estamos rodeados e trabalhamos com cidadãos sírios.” O burro – os animais –, como em qualquer fábula, carrega no dorso as pequenas histórias da humanidade.
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