Novo secretário-geral da FNE anuncia greve nacional de professores para 6 de Junho

Anúncio foi feito por Pedro Barreiros, eleito este domingo para substituir João Dias da Silva, o histórico que liderou a Federação Nacional da Educação nos últimos 19 anos.

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João Dias da Silva foi durante 19 anos secretário-geral da FNE e é agora substituído por Pedro Barreiros Nuno Ferreira Santos

A Federação Nacional da Educação (FNE) anunciou este domingo uma greve nacional para 6 de Junho, garantindo, através do seu novo secretário-geral, que a luta nas escolas irá continuar no próximo ano lectivo, se os problemas dos professores não forem resolvidos pelo Governo.

O anúncio foi feito em Aveiro por Pedro Barreiros, que foi eleito este domingo secretário-geral da FNE, substituindo o histórico João Dias da Silva que liderou durante 19 anos esta que é uma das principais organizações sindicais do sector da educação.

Segundo um comunicado da FNE divulgado perto das 13h, Pedro Barreiros foi "eleito por maioria absoluta" pelos mais de 400 delegados votantes, que participaram no XIII Congresso da FNE, realizado este fim-de-semana em Aveiro.

"No que diz respeito à contestação e àquilo que é o processo dito pelo Ministério da Educação negocial, mas que nós não sentimos dessa forma, desde já anunciamos e aprovamos uma resolução para a marcação da greve no dia 6 de Junho", disse à agência Lusa Pedro Barreiros, dando conta de que "outras formas de luta" serão ponderadas até ao final do ano lectivo.

O novo líder da FNE assegurou ainda que a partir do primeiro dia de aulas do próximo ano lectivo os professores estarão em luta, caso o Ministério da Educação "não assuma a necessidade e urgência de resolver os problemas" que motivam estas acções.

Pedro Barreiros lamentou ainda a ausência de representantes de vários partidos políticos com assento parlamentar, nomeadamente do PS, na cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da FNE, sublinhando que "a democracia se constrói através da participação".

"Podemos estar em desacordo. Pode até mesmo este momento não ser o ideal — ser um momento de contestação, complexo —, mas também temos de saber distinguir aquilo que é o Governo e aquilo que são os partidos com assento parlamentar", afirmou.

Pedro Barreiros, 49 anos, natural de Chaves e professor na Escola Básica e Secundária de Cabeceira de Basto, é um sénior nas lides sindicais, sendo actualmente presidente do Sindicato dos Professores da Zona Norte — SPZN).Foi director do respectivo Centro de Formação Profissional durante uma década. Era até agora um dos três vice-secretários-gerais da FNE, um cargo que acumulava com o de membro do secretariado nacional da União Geral de Trabalhadores (UGT).

Reunião com partidos

Foi ainda anunciado que a partir de segunda-feira será enviado um pedido de reunião aos partidos políticos, ao Presidente da República e a diversas instituições para apresentar o novo plano de acção que foi aprovado no congresso.

A cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da FNE contou com a presença de representantes do PSD, Chega e Iniciativa Liberal e de várias organizações sindicais, além do secretário-geral da central sindical UGT, Mário Mourão.

Pedro Barreiros foi eleito este domingo secretário-geral da FNE, com 94,7% da votação, em eleições com lista única.

Os novos órgãos sociais da FNE (Secretariado Nacional e a Mesa do Congresso) para o quadriénio 2023-2027 foram eleitos com 397 votos a favor, 13 votos contra, seis votos em branco e três votos nulos, num universo de 419 votantes.

"Pedro Barreiros sucede ao histórico João Dias da Silva que assumiu a liderança da FNE em 2004 e que era, no sector da educação, o líder sindical há mais tempo no cargo", sublinha a nota da FNE. A Fenprof, a outra grande federação nacional neste caso apenas de professores, tem como secretário-geral Mário Nogueira, que ocupa a sua liderança desde 2007, ou seja, há 16 anos.

A FNE congrega 10 sindicatos — quatro no continente, dois nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, três de não docentes e o Sindicato dos Professores das Comunidades Lusíadas.