Operação Babel: prisão preventiva para Patrocínio Azevedo e Paulo Malafaia

O empresário israelita Elad Dror saiu em liberdade em troco de uma caução de um milhão de euros e da entrega do passaporte.

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A PJ deteve cinco arguidos na terça-feira e realizou mais de 50 buscas LUSA/ESTELA SILVA
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O vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Azevedo, e o empresário Paulo Malafaia ficaram em prisão preventiva, no âmbito da investigação da Operação Babel, anunciou hoje o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.

Ao empresário israelita, Elad Dror, fundador do grupo Fortera, de quem Malafaia era parceiro de negócios, a juíza concedeu a saída em liberdade a troco do pagamento de uma caução de um milhão de euros e a entrega do passaporte.

O advogado, que foi hoje ouvido, fica em prisão domiciliária com pulseira electrónica e proibição de contactar com os demais arguidos, enquanto o técnico superior da Direcção Regional de Cultura do Norte,​ é obrigado a suspender as funções.

Já esta sexta-feira os dois detidos ligados à câmara do Porto na Operação Babel, tinham saído em liberdade do Tribunal de Instrução Criminal.

Segundo Paulo Fraga, advogado do funcionário do julgado de paz que já trabalhou na autarquia do Porto, este saiu em liberdade, mas viu-lhe ser aplicadas como medidas de coacção 20 mil euros de caução, apresentações diárias junto de autoridade judicial e suspensão de funções.

O outro detido, um funcionário do Urbanismo da autarquia do Porto, saiu também em liberdade do TIC, tendo-lhe sido igualmente aplicada como medida de coação a suspensão do exercício de funções.

Os dois estão indiciados pela prática de crimes de abuso de poder e de corrupção passiva, no âmbito de um dos três inquéritos ao abrigo da Operação Babel. Um já tinha sido libertado esta quinta-feira, enquanto o outro se manteve detido até esta sexta-feira.

"A defesa nunca está satisfeita, está sempre a lutar até ao fim pelas garantias de defesa", afirmou Paulo Fraga.

Todos os arguidos ficam proibidos de contactar entre si e com arguidos a constituir, lê-se ainda na informação distribuída pelo tribunal.

Elad Dror vai pagar caução

O empresário israelita Elad Dror declarou, à saída TIC do Porto que "vai pagar o milhão de euros" que lhe foi aplicado como medida de coação para poder ficar em liberdade.

Dror manifestou-se convicto de que o projecto Skyline, em Vila Nova de Gaia, "vai continuar" e que a empresa [Fortera] que dirige "vai prosperar", admitindo, contudo, que sem ele na liderança devido às circunstâncias em que foi envolvido.

"Isto só aconteceu porque provavelmente sou interessante para o público. Vou tornar-me menos interessante, vou dedicar-me à família", disse.

O seu advogado, José Maria Sanches, afirmou que o "processo é grande, que requer muita análise e que foram prestados todos os esclarecimentos".

"O meu constituinte está em liberdade, mantém-se disponível para dar todos os esclarecimentos e mostrar a sua inocência", acrescentou.

Este processo principal da Operação Babel centra-se "na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projectos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário".

Na Operação Babel estão em causa crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem, de corrupção activa e passiva, de prevaricação e de abuso de poder, praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político.