Ana Rita, André e João tropeçam (mas não caem) na língua portuguesa

Ão, em cena até sábado no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, é uma peça musical, com os corpos metidos ao barulho, movida pela linguagem: tão sedutora quanto traiçoeira.

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Ana Rita Teodoro é uma das cúmplices por trás desta abordagem a um dos mais carismáticos ditongos do português CARLOS PINTO
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Não deve existir canção em português que não inclua rimas em “ão”. Não deve existir frase que nos saia da boca que não meta lá pelo meio um “ão”. O “ão”, como escreve Fernando Venâncio num livro (Assim Nasceu Uma Língua) que André e. Teodósio partilhou com os seus dois cúmplices em Ão, é um ditongo que se comporta como uma “espécie invasora” na língua portuguesa. Está por todo o lado, contamina todo o discurso, comporta-se como um monarca omnipotente, regozija-se com o facto de não poder ser devidamente pronunciado por qualquer cidadão nascido fora da lusofonia. Se, como se repete no espectáculo em cena no Teatro do Bairro Alto (TBA), em Lisboa, até ao próximo sábado, tropeçamos constantemente em sons que nos ficam colados e nos aprisionam, “ão” é, com toda a certeza, um dos mais insistentes.

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