Zelensky na abertura da cimeira do Conselho da Europa: “Precisamos de mais mísseis”
Na cimeira que junta, pela primeira vez em 18 anos, os chefes de Estado e de governo do Conselho da Europa, a prioridade deverá ser a discussão sobre o apoio europeu à Ucrânia.
Arrancou esta terça-feira a 4.ª Cimeira do Conselho da Europa, em Reiquiavique, capital da Islândia, onde as atenções estarão viradas para Kiev e para a responsabilização de Moscovo pelos danos da guerra.
Um dos principais resultados desta cimeira que junta, pela primeira vez desde 2005, chefes de Estado e de governo do Conselho da Europa, deverá ser o acordo para a criação de um registo dos danos causados pela invasão russa da Ucrânia — o “primeiro passo para a posterior criação de um mecanismo de compensação”, como explicou uma fonte diplomática nacional à Lusa.
A primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdottir, inaugurou a sessão apontando a “maior ameaça à paz e segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, e exigindo uma “paz justa”, que responsabilize os que desencadearam a guerra no Leste europeu.
“A cimeira de Reiquiavique tem três grandes objectivos. O primeiro é reafirmar o nosso apoio à Ucrânia e à adopção de medidas concretas para atribuir responsabilidades por crimes de guerra, e fortalecer o papel do Conselho da Europa em matéria de direitos humanos”, começou por indicar a chefe de Governo, que esteve esta terça-feira reunida com o homólogo ucraniano, Denys Shmyhal, em Reiquiavique.
What a great pleasure welcoming the PM of Ukraine, @Denys_Shmyhal
— Katrín Jakobsdóttir (@katrinjak) May 16, 2023
to Reykjavík. We discussed how the Council of Europe can continue to support Ukraine in the challenging times ahead. Both during the ongoing war, as well as in the pursuit of justice and in the reconstruction. pic.twitter.com/vuo0aD6dIK
O segundo será a renovação do compromisso das várias nações com os valores democráticos europeus, e a terceira meta é a resposta a “desafios globais” que exigem soluções urgentes, como a crise climática.
Independente da União Europeia (UE), o Conselho da Europa é a principal organização de defesa dos direitos humanos no continente, criada no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, em 1949. Dela fazem parte 46 Estados-membros, incluindo os 27 países que formam a UE.
De seguida tomou a palavra o Presidente da Ucrânia, Estado que se juntou ao Conselho em 1995, quatro anos depois de declarar independência face a Moscovo.
Volodymyr Zelensky, que participou na sessão por videochamada, aproveitou para garantir que todos os presentes tinham conhecimento dos ataques lançados pelas tropas russas na madrugada desta terça-feira.
“A Rússia usou mísseis balísticos, de cruzeiro e drones, tudo ao mesmo tempo, para que fosse especialmente difícil para nós salvar vidas, mas todas as vidas foram protegidas. Todos os mísseis foram interceptados, incluindo mísseis balísticos: 100%, um resultado histórico”, afirmou o líder ucraniano.
Como previsto, e renovando o apelo que tem dirigido aos seus aliados, Zelensky pediu armas, armas e armas. “Para tornar resultados como os da última noite em regra, precisamos de mais sistemas de defesa antiaérea e de mais mísseis. Também precisamos de mais caças, sem os quais nenhum sistema de defesa aéreo será perfeito”, justificou. “Só assim atingiremos 100% de sucesso.”
Inspiring opening session at the #CouncilOfEuropeSummit with European leaders speaking up for #Democracy, #HumanRights and justice for Ukraine.
— Council of Europe (@coe) May 16, 2023
Thank you @katrinjak @ZelenskyyUa @EmmanuelMacron @bundeskanzler @GiorgiaMeloni @RishiSunak @prezydent_pl @vonderleyen @MarijaPBuric pic.twitter.com/xkD6z24u6l
Volodymyr Zelensky não referiu em específico a criação de um registo de danos dos ataques à Ucrânia, mas sublinhou que é essencial um tribunal especial para julgar os crimes de guerra cometidos e a agressão ao seu país.
O primeiro-ministro português, António Costa, que está em Reiquiavique desde segunda-feira e já reuniu com a homóloga islandesa, também já tinha anunciado o apoio português à criação deste registo.
A intenção de reforçar o apoio a Kiev, também através da responsabilização de Moscovo, já tinha sido anunciada por chefes de Estado e de governo do Reino Unido, de França, Alemanha ou Estados Unidos.
“Como afirmou o Presidente Joe Biden, os Estados Unidos comprometeram-se a responsabilizar a Rússia pela sua guerra de agressão contra a Ucrânia”, disse a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield. “Um registo para documentar reivindicações de danos da guerra brutal da Rússia é um passo crítico neste esforço. Apoiamos a Ucrânia, juntamente com o Conselho da Europa", organização de que a Federação Russa foi expulsa a 16 de Março do ano passado.