Fragmentos encontrados em floresta polaca podem ser de míssil russo

“Objecto militar” foi descoberto em Abril e terá percorrido centenas de quilómetros, possivelmente em Dezembro. Polónia quer explicações sobre incidente com caça russo no mar Negro.

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Um grafitti em Gdansk coloca Hitler, Putin e Estaline em igualdade: a Polónia tem sido um forte aliado da Ucrânia contra a invasão russa ADAM WARZAWA/EPA
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Fragmentos encontrados no meio de uma floresta no centro da Polónia, a mais de 400 quilómetros da fronteira com a Bielorrússia, podem ser de um míssil russo.

A descoberta aconteceu fortuitamente em Abril em Zamosc, perto da cidade de Bydgoszcz, e as autoridades polacas anunciaram apenas ter encontrado um “objecto militar”. Agora, dois órgãos de comunicação citam fontes das Forças Armadas para dizer que se trata de um míssil ar-terra russo Kh-55.

De acordo com a rádio RMF, que teve acesso às conclusões preliminares do Instituto de Tecnologia da Força Aérea polaca, a Polónia não tem este tipo de míssil no seu arsenal e a suspeita é a de que ele entrou no país através da fronteira a Leste, com a Bielorrússia. A confirmar-se, isso significaria que o projéctil percorreu centenas de quilómetros antes de cair.

Uma porta-voz da procuradoria regional de Gdansk, que lidera a investigação, disse em Abril à AFP que “não havia vestígios de explosões ou de explosivos no local”. A televisão Polsat adianta que o míssil poderá ter caído ali em Dezembro.

Os mísseis de cruzeiro Kh-55, que começaram a fabricar-se ainda no tempo da União Soviética, têm um alcance de 2500 quilómetros e podem transportar ogivas nucleares.

O vice-ministro da Defesa polaco, Wojciech Skurkiewicz, não quis comentar as informações reveladas esta quarta-feira, argumentando que a investigação ainda está em curso.

Tensão entre Polónia e Rússia

Ainda na Polónia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros decidiu convocar o embaixador russo para obter explicações sobre o incidente de sexta-feira passada em que um avião de patrulha polaco quase colidiu com um caça russo no mar Negro.

A aeronave polaca estava a patrulhar a zona ao serviço da agência fronteiriça europeia Frontex quando foi interceptada pelo avião russo, tendo ficado ambos os aparelhos a muito pouca distância um do outro. A Polónia e a Roménia acusaram o piloto russo de fazer “manobras perigosas” e de ter um “comportamento agressivo e provocatório”.

Também esta quarta, a Polónia decidiu mudar a forma como a cidade e o enclave russo de Kaliningrado são nomeados no país. Um comité geográfico deliberou que “o actual nome russo da cidade é um baptismo artificial sem relação com a cidade nem com a região”. A partir de agora, a zona passa a ser conhecida na Polónia como Krolewiec, o nome que tinha nos séculos XV e XVI.

O porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, comentou que a decisão polaca “roçava a loucura”. Quando derrotou a Alemanha nazi em 1945, a União Soviética anexou aquele território e chamou-lhe Kaliningrado para homenagear o político Mikhail Kalinin. Até então a cidade chamava-se Königsberg.

“Sabemos que ao longo da História a Polónia cai, de tempos a tempos, nesta loucura de ódio para com os russos”, disse Peskov, citado pela Reuters, na conferência de imprensa diária no Kremlin.

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