Marcelo desafia a Europa a rejuvenescer os sistemas políticos para travar populismos

Num discurso no Parlamento Europeu, o Presidente da República considerou a invasão da Ucrânia como um “erro chocante” e colocou em cima da mesa os desafios para o novo ciclo político após 2024.

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Marcelo Rebelo de Sousa convidou a presidente do Parlamento Europeu para o Conselho de Estado em Junho EPA/JULIEN WARNAND
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Sete anos depois de discursar no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, logo após ter iniciado funções como chefe de Estado em 2016, o Presidente da República regressou ao mesmo lugar mas com um outro contexto: uma guerra, depois de uma pandemia. É nesse plano que Marcelo Rebelo de Sousa desafia a Europa a garantir uma paz “legal, justa e moral”, a recuperar da guerra olhando para o médio e longo prazo e a rejuvenescer os sistemas políticos para travar os “populismos”.

Perante os eurodeputados – numa visita a convite da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola -, Marcelo Rebelo de Sousa começou por lembrar que o mundo mudou em sete anos, com uma pandemia e uma guerra que “não é europeia, é global”.

Nesse novo contexto, o Presidente não tem dúvidas de que “o tempo urge e a Europa não pode perder tempo.” E elencou os sete desafios com que deve ligar e “mais um”. A questão “mais urgente” é a de “garantir que da guerra que tem martirizado o povo ucraniano, possa sair uma paz legal, justa e moral, respeitando os direitos humanos”, afirmou, considerando a invasão da Ucrânia como um “erro chocante” por parte da Federação Russa.

Colocando sempre urgência na intervenção da Europa como actor político mundial, o Presidente defendeu que o papel a assumir por este continente deve ser “o mais forte possível” e que isso “só é possível em unidade”, sob pena de vir a ser “o mais fraco possível”. O mesmo se passa com o alargamento a outros Estados-membros, que deve ser “preparado”, e com o relacionamento com outros continentes. “A Europa não pode fechar-se sobre si mesma (...) ser egoísta, não pode adiar aquilo que a prazo só criará problemas e não só nas migrações. Os egoísmos nacionais terão de ceder perante os valores da União Europeia”, afirmou.

Defendendo que a Europa “tem de ser pioneira no conhecimento, no ambiente, no conhecimento e energia”, sob pena de ficar “para trás”, é na mudança geracional que Marcelo coloca a necessidade de rapidez na acção de aumentar a participação dos jovens e no “rejuvenescimento dos sistemas políticos, económicos e sociais dos Estados-Membros”.

“Se não for assim criará vazios que serão preenchidos por aquilo que muitos chamam populismos e movimentos anti-sistémicos. Se isso acontecer, é por nossa culpa, não é por movimentos inorgânicos, eles fazem o que têm de fazer”, afirmou.

A importância das eleições europeias

Lembrando que a legislatura no Parlamento Europeu está prestes a terminar – com as eleições de 2024, o Presidente considerou que há “dois caminhos” no novo ciclo entre o imediato e o médio/longo prazo. Uma opção é a de gerir “o dia-a-dia”, o de “não ficar apenas por vagas ideias abstractas, ou deleitando-nos com debates de pormenor institucional que não dizem nada aos europeus”. O outro caminho “é percebermos que só se ganha o futuro numa perspectiva de médio longo prazo, evitando os vazios, as frustrações”.

Tal como já tinha evidenciado na conferência de imprensa conjunta com Roberta Metsola, momentos antes da intervenção no hemiciclo, o chefe de Estado sublinhou o sentimento pró-europeu de Portugal, desejando, não uma Europa de chefes de Estado ou de líderes políticos, mas dos “homens, das mulheres, dos europeus”.

Foi, aliás, essa garantia de que Portugal continuava a favorável à integração europeia, que Marcelo veio deixar há sete anos, quando também era recente o governo do PS apoiado pelo BE e PCP, que são eurocépticos. Questionado sobre os elogios que deixou ao Governo de então, o Presidente disse que havia "dúvidas" sobre o novo ciclo político em Portugal e que veio a Estrasburgo dar uma garantia de estabilidade.

Nessas declarações aos jornalistas, Marcelo anunciou que convidou Roberta Metsola para o próximo Conselho de Estado, marcado para 16 de Junho. A reunião, segundo nota da Presidência emitida posteriormente, abordará as “perspectivas sobre a actualidade da Europa, a menos de um ano das eleições para o Parlamento Europeu.

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