Dia da Europa, do passado e do futuro dos europeus

Neste dia, 9 de Maio, celebramos o povo europeu, a sua resistência, a sua solidariedade, o seu sacrifício. A melhor homenagem ao passado da Europa é não o repetir.

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A Europa "não se fará de um golpe", advertiu Robert Schuman, um dos pais fundadores da atual União Europeia. Na sua Declaração magistral, proferida a 9 de maio de 1950, apelou aos laços de solidariedade e à aproximação dos povos europeus como forma de manutenção da paz mundial. Estas palavras imortalizaram-se na elevação do dia 9 de maio a dia da Europa.

Neste ano, dedico umas palavras ao passado e ao futuro da Europa. Num dia comemorativo da construção europeia, é necessário evocar o passado para que todos tenham presentes as dificuldades e os desafios que a Europa enfrentou para se refazer das cinzas da guerra. Destas memórias poderão retirar-se ilações para um momento histórico tão delicado como aquele que vivemos. Numa Europa manchada de sangue pelas mãos de um tirano, nunca é demais afirmar que esta é a pior forma de reescrever a história da Humanidade.

Pelas vítimas de Bucha, pelas famílias de Mariupol, pelos massacres, violações e torturas em solo europeu, pelo sofrimento de um povo a braços com a maior barbárie que muitas gerações presenciaram em território europeu, reflitamos, neste dia, sobre a Europa, sobre o nosso papel como europeus. Não é irrazoável a renovação do apelo à solidariedade, à sensatez e ao sentido de responsabilidade individual, pois o esforço de cada um poderá contribuir para moldar o futuro do continente europeu.

Schuman acrescentou, na sua Declaração, que “a paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criadores à medida dos perigos que a ameaçam”. Diante das ameaças presentes, não exaltamos apenas a solidariedade, mas, também, o respeito pela democracia e pelo Estado de Direito, pela liberdade e pela igualdade entre seres humanos. Como dizia David Sassoli, a democracia não sai de moda, mas carece de atualização para melhorar a vida das pessoas. A União Europeia, casa da democracia, tem de fazer mais e melhor para continuar a assegurar aos seus cidadãos uma verdadeira união de direito, que protege a sua segurança, a sua liberdade e os seus direitos fundamentais, que cuida dos seus interesses e que não descansa enquanto os infratores não são punidos.

Este 9 de maio marca o septuagésimo terceiro capítulo da narrativa europeia, pautado pela necessidade de envidar os melhores esforços pela paz mundial, pelo respeito pelas diferenças nesta Europa in varietatis unitas, e por tantos outros flagelos e adversidades que afetam tantas pessoas e que, por vezes, têm como denominador comum o discurso de ódio. E “ódio é ódio – e ninguém deve ser obrigado a suportá-lo”, nas palavras de Ursula von der Leyen.

Neste dia, celebramos o povo europeu, a sua resistência, a sua solidariedade, o seu sacrifício. A melhor homenagem ao passado da Europa não é repeti-lo. A melhor homenagem aos fundadores da Europa, como a conhecemos, é o compromisso presente e futuro com a sua herança, a democracia e o Estado de direito. Um compromisso que não pode ser firmado a sotto voce e que precisa de ser progressivamente revitalizado, pois a Europa não é só o 9 de maio, mas todos os dias da vida do seu povo.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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