Novo procedimento da OMS reduz em 60% hemorragias pós-parto

É a principal causa de mortalidade materna em todo o mundo e mata uma mulher a cada sete minutos e meio. Agora, a OMS criou forma de medir hemorragias e aplicar tratamentos. Casos reduziram em 60%.

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A nova abordagem foi testada em hospitais de quatro dos países com as piores métricas em mortalidade materna no mundo Reuters/AMANDA PEROBELLI
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Os investigadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Universidade de Birmingham, em Inglaterra, desenvolveram um mecanismo que permitiu reduzir em 60% os casos graves de hemorragia pós-parto, em que uma mulher perde mais de meio litro de sangue nas 24 horas seguintes ao parto.

Esta é a principal causa de mortalidade materna em todo o mundo. Mas um novo estudo publicado esta terça-feira, 9 de Maio, no New England Journal of Medicine afirma que os cientistas conseguiram reduzir a probabilidade de uma mulher morrer de hemorragia pós-parto através de um dispositivo "simples e de baixo custo".

De acordo com o comunicado da OMS, os cientistas mediram a quantidade de sangue perdida depois do parto em 200 mil mulheres através de um dispositivo de colecta chamado drape. Em paralelo, aplicaram de forma combinada (em vez de o fazerem de modo sequencial) os tratamentos que já eram recomendados pelas autoridades de saúde.

O procedimento chama-se E-MOTIVE e foi testado em 80 hospitais de quatro países, todos africanos: Quénia, Nigéria, África do Sul e Tanzânia. São dos territórios com as mais elevadas taxas de mortalidade materna do mundo, indicam os dados mais recentes do Banco Mundial.

Entre os tratamentos aplicados às mulheres estão a massagem uterina, a toma de medicamentos para contrair o útero e estancar a hemorragia, a administração de fluidos intravenosos e a realização de exames e o encaminhamento da mulher para cuidados de saúde mais avançados.

Esta nova abordagem resultou "em melhorias dramáticas nos resultados das mulheres", descreveu fonte oficial da OMS. Arri Coomarasamy, co-director do Centro de Colaboração da OMS para a Saúde Global da Mulher na Universidade de Birmingham e líder deste estudo, disse que a nova técnica "pode melhorar radicalmente as hipóteses de as mulheres sobreviverem ao parto a nível mundial, ajudando-as a obter o tratamento de que necessitam quando necessitam​".

As autoridades de saúde internacionais estimam que, entre as 14 milhões de mulheres diagnosticadas com hemorragia pós-parto todos os anos, 70 mil acabam por morrer. É uma morte a cada sete minutos e meio. A maioria desses casos fatais regista-se em países pouco desenvolvidos.

De acordo com a OMS, os casos de hemorragias pós-parto podem ser detectados demasiado tarde porque os profissionais de saúde recorrem a inspecções visuais para estimar a quantidade de sangue que está a ser pedido — um valor que costuma ser subestimado. Quando o problema é detectado, os tratamentos costumam ser feitos à vez, com um intervalo de tempo entre eles, e basta que as primeiras abordagens não resultem para os casos se tornarem críticos.

"O tempo é essencial quando se responde a uma hemorragia pós-parto, pelo que as intervenções que eliminam os atrasos no diagnóstico ou no tratamento devem ser um factor de mudança para a saúde materna", considerou Arri Coomarasamy.

Com o E-MOTIVE, não só se colmatam essas dificuldades, como se contorna um problema especialmente grave nos países onde estas hemorragias são mais comuns: o acesso às transfusões de sangue. A aplicação desta nova abordagem traduziu-se numa redução "substancial" da taxa de transfusões de sangue por hemorragia, acrescentou a OMS. Isso "é particularmente importante nos países de baixos rendimentos, onde o sangue é um recurso escasso e dispendioso".

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