Executivo do Porto recusa (de novo) hastear “oficialmente” bandeira LGBTQIA+

Rui Moreira diz que assinalará Dia Nacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia com bandeira hasteada num mastro em frente ao edifício. BE queria mais.

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Rui Moreira vai hastear bandeira num mastro colocado na Praça General Humberto Delgado EPA/MARIO CRUZ
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Pelo segundo ano consecutivo, o Bloco de Esquerda recomendou ao executivo que a Câmara do Porto hasteasse "oficialmente" a bandeira LGBTQIA+. Pelo segundo ano consecutivo, Rui Moreira recusou a proposta (com apoio dos vereadores do PSD), argumentando que o Dia Nacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, 17 de Maio, será assinalado com uma bandeira içada num mastro colocado na Praça General Humberto Delgado, cumprindo o desejo de associações que se juntam à causa.

Para os bloquistas, a autarquia deveria assumir outro grau de compromisso, hasteando a bandeira “por iniciativa própria, no edifício”, afirmou a vereadora Maria Manuel Rola na reunião de câmara desta segunda-feira. O momento, acrescentou, deveria juntar todos os vereadores e associações, nomeadamente aquelas que desde 2006 organizam a marcha de orgulho do Porto, que acontece desde o assassinato de Gisberta Salce Júnior.

“Se foi possível, e bem, iluminar o edifício dos Paços do Concelho [em solidariedade com o povo ucraniano], ou colocar pendões de luto quanto à rainha de Inglaterra, parece-nos que tem de ser possível também [celebrar] outras situações”, alegou a vereadora.

Rui Moreira não foi sensível à argumentação. Ao contrário do que aconteceu em 2022, não justificou a sua opção com questões institucionais, mas aproveitou para acusar o BE de querer “partidarizar uma causa da sociedade civil”. Com fotografias impressas em folhas A4, mostrou o evento de 2022: “Estivemos todos, foi uma festa. O Bloco de Esquerda não quis, foi uma opção. Senhora vereadora, vai ser como no ano passado.”

Maria Manuel Rola aproveitou as imagens do edil para dizer que nas juntas de freguesia do Bonfim e de Campanhã, que em 2022 içaram a bandeira LGBTQIA+ nas suas fachadas, o número de pessoas presente no evento foi bastante superior. “Terá um impacto na sociedade e nas pessoas da cidade diferente”, sugeriu a vereadora, com Rui Moreira a puxar um argumento frequente nos ataques à esquerda: “Ao contrário do que acontece na Coreia do Norte não temos o hábito de obrigar as pessoas a ir a manifestações.”

Maria João Castro, vereadora socialista, sublinhou que a proposta do BE não era “incompatível” com a iniciativa já definida pela autarquia e recordou a “força” de actos simbólicos: “Deveria ser hasteada a bandeira desta causa nesta casa”, afirmou. Também Ilda Figueiredo, da CDU, defendeu que as duas propostas não eram incompatíveis.

Já Mariana Macedo, do PSD, quis associar-se à celebração do dia e apelar à aceitação de todos, mas mostrou prudência em hastear bandeiras no próprio edifício, temendo uma multiplicação de causas a querer fazê-lo. Em Lisboa, exemplificou, no ano seguinte ao hastear da bandeira LGBT foi pedido também que se hasteasse a bandeira trans. “Entrariam questões institucionais e protocolares que não se justificam”, considerou.

Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, recusou recentemente – pela segunda vez – hastear a bandeira trans nos Paços do Concelho, repetindo os argumentos antes usados: "Podemos pô-las noutros locais, como na Praça do Município ou até no edifício do Campo Grande. Mas ali é o local onde se implantou a República.”

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