IndieLisboa: Safe Place e Mal Viver/Viver Mal, um palmarés a jogar pelo seguro

Festival arriscou mais no programa do que nos premiados: além do croata Juraj Lerotic e do díptico de João Canijo, juntam-se galardões para Catarina Mourão, Tatiana Ramos e Tomás Paula Marques.

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O filme croata de Juraj Lerotic "Safe Place" arrecadou prémio para longa-metragem internacional cortesia indielisboa
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Filmes "Mal Viver/Viver Mal", de João Canijo foram opção “unânime” pelo júri para prémio de longas nacionais a concurso cortesia indielisboa
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"Astrakan 79", de Catarina Mourão venceu prémio de Melhor Realização) cortesia indielisboa
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"Rosinha e Outros Bichos do Mato", de Marta Pessoa (Prémio Árvore da Vida para filme português) cortesia indielisboa
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"Dildotectónica", de artista e cineasta não-binária Tomás Paula Marques cortesia indielisboa
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Telmo Churro e a sua "Índia" de comédia triste (Prémio Universidades) cortesia indielisboa
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Prémios merecidos, mas sem surpresas, para as duas longas-metragens vencedoras do 20.º IndieLisboa, que termina este domingo. Anunciados ao fim da tarde de sábado em cerimónia oficial na Culturgest, o filme croata de Juraj Lerotic Safe Place e o díptico português de João Canijo Mal Viver/Viver Mal levam para casa os prémios máximos da Competição Internacional e da Competição Nacional, respectivamente.

Safe Place — 24 horas na vida de uma família enfrentando a depressão suicidária de um dos filhos — fora revelado no festival de Locarno de 2022, onde recebeu os galardões de melhor primeira obra e melhor realizador emergente. Mal Viver/Viver Mal — chegam às salas já na próxima quinta-feira, 11 de Maio — teve estreia no concurso do festival de Berlim 2023, onde o primeiro dos dois recebeu o Grande Prémio do Júri. Igualmente contemplados com galardões foram novos filmes portugueses de Catarina Mourão, Francisca Antunes, Tatiana Ramos e Tomás Paula Marques, a par de filmes brasileiros, argentinos e sudaneses.

Os dois júris do Concurso Internacional (a programadora lituana Aistè Racalytè, a realizadora sérvia Marta Popivoda e o jurista e músico português Adolfo Luxúria Canibal nas longas, e a arquivista francesa Annabelle Aventura, e os cineastas português Ary Zara e suíço Gabriel Böhmer) tiveram um curioso momento de coincidência: o júri de longas atribuíu ao libanês Ali Cherri, Le Barrage, o Prémio Especial do Júri, enquanto os jurados do formato curto deram o seu grande prémio a Suddenly TV da fotógrafa americana Roopa Gogineni — dois filmes que falam da turbulência política do Sudão ao longo dos últimos anos, o primeiro em modo ficcional, o segundo em modo documental (com co-produção do canal por cabo Al Jazeera). Nas longas, houve uma menção especial para o documentário brasileiro de Amanda Devulsky, Vermelho Bruto; nas curtas foram ainda premiados a animação britânica de Sophie Yoko, Gate Hotel Kalura, o documentário francês de Gala Hernández López, La Mécanique des Fluides e a ficção japonesa de Aya Kawazoe, Howling.

Narrativas ousadas

A opção por dar o prémio máximo a Safe Place, um dos melhores filmes do concurso, é curiosamente classicista numa competição onde não faltaram narrativas mais ousadas que ficaram "de fora" do palmarés; não há no entanto como negar a energia desesperada e urgente desta “corrida contra o tempo” que se alimenta directamente, mas sem voyeurismo, da própria vivência do seu realizador, argumentista e actor.

Também a escolha do júri da competição portuguesa (a realizadora brasileira Anita Rocha da Silveira, o programador dinamarquês Mads K. Mikkelsen e o distribuidor mexicano Pedro Segura) pelos filmes de João Canijo — opção “unânime” como o júri faz questão de sublinhar na sua declaração — recaiu sobre a melhor das seis longas seleccionadas. No entanto, a escolha do multi-premiado filme apenas confirmou o “desequilíbrio estrutural” que a sua presença a concurso trouxe, como apontava o crítico do PÚBLICO Luís Miguel Oliveira. Houve ainda assim prémios: do júri oficial, para Catarina Mourão, com o seu retrato elíptico, documental, de pai e filho, Astrakan 79 (melhor realização); de outros júris, para Marta Pessoa e a sua investigação histórica, Rosinha e Outros Bichos do Mato (Prémio Árvore da Vida para filme português), e Telmo Churro e a sua Índia de comédia triste (Prémio Universidades).

O júri da competição portuguesa escolheu ainda como melhor curta nacional, surpreendentemente, Dildotectónica, de artista e cineasta não-binária Tomás Paula Marques, curioso exercício de releitura histórica à luz das modernas teorias queer a partir de dildos artesanais e velhas histórias de conventos — mas, para Paula Marques, um passo ao lado depois do anterior Cabracega. Dos melhores filmes que vimos em formato curto, apenas Dias de Cama, de Tatiana Ramos, surge no palmarés, com o Prémio Novo Talento e o prémio do Júri Escolas. A secção de filmes de escola, Novíssimos, foi ganha por A Minha Raiva é Underground de Francisca Antunes.

Uma selecção dos filmes vencedores será exibida no cinema Ideal entre segunda (8) e quarta (10), sempre às 20h e 22h.

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