As Primas de Aurora Venturini: um gineceu maldito
O sensacionalismo que vem agarrado a estas personagens, que têm algo dos cruéis contos de fadas do séc. XIX e da literatura gótica, não apaga a singularidade e a mestria da escrita de Aurora Venturini
Em 1972, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque albergou uma retrospectiva da fotógrafa americana Diane Arbus, que se suicidara no ano anterior. A exposição suscitou discussões e controvérsias. Arbus, que começou por ser fotógrafa de moda, mudou radicalmente e deixou-se fascinar por personagens que pertenciam essencialmente ao submundo nova-iorquino, marginais, deficientes e “não normais”. A questão que muitos críticos colocaram foi a seguinte: estaria Diane Arbus a abrir-nos os olhos para a realidade, para estes seres patéticos que provocam estranheza, piedade, mas também repulsa, ou estaria a aproveitar-se da desgraça alheia?
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