Inflação na zona euro inverte tendência e volta a subir para 7%

Grupo da alimentação lidera o aumento dos preços no conjunto dos 20 países da moeda única. Dados são relevantes para a decisão do BCE sobre juros, esta semana.

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Para surpresa de muitos, a taxa de inflação anual na zona euro voltou a subir, quebrando uma curva que vinha descendo há cinco meses consecutivos. No entanto, a inflação subjacente (que retira os preços mais voláteis da alimentação e da energia) até melhorou pela primeira vez em dez meses.

Segundo revelou o Eurostat nesta segunda-feira, o valor do índice harmonizado de preços nos 20 países da moeda única subiu para os 7% em Abril, numa base homóloga, contra os 6,9% registados em Março, com os preços da alimentação, que registaram uma inflação de 13,6%, a terem um papel decisivo neste comportamento.

"Considerando os principais componentes da inflação da zona euro, o grupo alimentação, álcool e tabaco foi o que apresentou, em Abril, a maior taxa de inflação (13,6%, face aos 15,5% de Março), seguido dos bens industriais não energéticos (6,2%, face aos 6,6% de Março), dos serviços (5,2%, contra 5,1% de Março) e o da energia (2,5%, face aos -0,9% do mês anterior)."

São dados económicos relevantes para o Banco Central Europeu, que se reunirá nesta semana para decidir se continua a subir as taxas de juro na tentativa de reduzir a inflação. O conselho de governadores reúne-se na quinta-feira e diferentes analistas estimam que votará por mais uma subida dos juros. A dúvida é se se fica por um aumento de 0,25 pontos percentuais ou se opta por mais.

No boletim da estimativa rápida de Abril, a autoridade estatística europeia mostra que a inflação anual de 7% registada em Abril é, no entanto, mais baixa do que os 7,4% da taxa de inflação anual registada em Abril de há um ano.

Mas a "inesperada subida" face a Março "resulta de um novo salto nos preços da energia, depois de um forte efeito de base negativo em Março e de um ligeiro aumento de preços nos serviços", avalia Carsten Brzeski, responsável pela área de macroeconomia no grupo de analistas do banco neerlandês ING.

Numa nota divulgada nesta terça-feira de manhã, o mesmo responsável argumenta que este resultado "reforça a necessidade de mais aumentos na taxa de juro, ainda que a um ritmo mais moderado e com menor magnitude do que no passado". Noutra nota desta terça-feira, a mesma instituição prevê que o BCE ainda aprovará pelo menos mais duas subidas.

A 16 de Março, o banco aprovou um aumento de 0,5%, num contexto de instabilidade na banca, após a falência do SVB (EUA) e da venda apressada e sob emergência do Credit Suisse, que estava em sérias dificuldades, ao concorrente UBS, para evitar uma falência de efeitos imprevisíveis. Fixou assim a sua taxa de depósito (que é a principal referência para os custos de financiamento) em 3%, o valor mais alto desde Outubro de 2008.

Na última reunião, o BCE indicou que a inflação "deverá continuar alta durante demasiado tempo”. No conjunto dos 20 países da zona euro, no entanto, este indicador apresenta uma grande variação, desde os 2,7% no Luxemburgo aos 15% estimados na Letónia. Portugal, segundo as primeiras estimativas, teve uma taxa de inflação anual harmonizada (que permite comparação entre Estados-membros) de 6,9%.

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