Líder da UGT quer bons resultados do PIB a responder “em primeira linha” aos problemas dos portugueses
No 1.º de Maio, o secretário-geral da UGT desafiou o Governo de António Costa a travar tentativas da CE e do BCE de agarvarem factura sobre os trabalhadores portugueses.
O secretário-geral da UGT, Mário Mourão, defendeu esta segunda-feira que os bons resultados na economia e nas finanças públicas devem ser usados "em primeira linha" para responder aos problemas dos portugueses e desafiou o Governo de António Costa a travar "toda e qualquer tentativa" da Comissão Europeia (CE) e do Banco Central Europeu (BCE) que agravem a factura dos trabalhadores portugueses.
Mourão, que discursava nas comemorações do 1.º de Maio, junto à Torre de Belém, em Lisboa, referiu-se aos resultados da economia portuguesa e das contas públicas para argumentar que "este também podem e devem ser usados para fazer face em primeira linha aos problemas dos portugueses".
No mesmo discurso, o dirigente sindical quis deixar um "desafio ao Governo". "Que seja firme e determinado na defesa dos interesses dos trabalhadores portugueses e trave toda e qualquer tentativa da CE e do BCE de dar aos de sempre a factura a pagar. Não podem ser permanentemente os trabalhadores a pagar", disse o líder da UGT.
A partir de Belém, para onde estava marcada a concentração dos sindicalistas da UGT, Mário Mourão avisou que "a força de trabalho não pode continuar a servir como factor de ajustamento" e que "os trabalhadores e as suas reivindicações não podem servir de bode expiatório para justificar as eventuais oscilações da taxa de inflação". "Seja qual for a inflação, no futuro não vamos permitir que sejam dirigidas culpas aos trabalhadores", afirmou.
Citado pela Lusa, o líder da UGT garantiu que este é um tempo "de luta". "Se assistirmos a um agravamento da situação económica e social do país, não teremos hesitações e accionaremos a cláusula de salvaguarda [do Acordo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade], para que situações passadas não se voltem a repetir, nomeadamente as que fragilizam a situação já precária dos trabalhadores e das suas famílias", disse. Mário Mourão afirmou que o trabalho neste domínio "não está concluído, há ainda muito a fazer". "Não aceitaremos que este Acordo se fique pelo papel e que não seja acompanhado por políticas que lhe dêem forma e consistência", disse.
Embora tenha referido os resultados favoráveis na economia e nas contas públicas, o secretário-geral da UGT criticou o facto de o IRS ser o imposto "que mais sobe em percentagem do PIB", acrescentando que, "apesar do baixo nível de desemprego, continuamos a ter de dar resposta aos desempregados".
O líder da UGT disse ainda que é "inaceitável" que trabalhadores sindicalizados sejam discriminados nas empresas e assegurou que "são os sindicatos, em particular os da UGT, o garante de uma negociação responsável que não cede a populismos".