A “sala de aula” como laboratório de criatividade e inovação

A Inovação Pedagógica propõe a transformação do processo de ensino-aprendizagem, tornando-o significativo, envolvente, eficaz e eficiente.

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Basta olharmos em volta, para percebemos que a Criatividade e a Inovação permeiam o nosso mundo. Estamos rodeados de produtos, serviços e soluções desenvolvidos por mentes criativas e inovadoras, que tiveram a ousadia de pensar de forma diferente, sair do convencional e testar novas abordagens, ajudando-nos a avançar enquanto sociedade.

Tanto que, desde 2017, a Assembleia Geral das Nações Unidas nos convida, no Dia Mundial da Criatividade e Inovação, assinalado a 21 de abril, a refletir sobre este tema para sublinhar a importância da Criatividade e da Inovação em prol do desenvolvimento integral do ser humano.

O caminho percorrido tem sido notável, mas há ainda um trajeto longo pela frente para conseguirmos cumprir os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, definidos pelas Nações Unidas. A erradicação da fome e da pobreza, a falta de acesso a cuidados básicos de saúde e o combate às alterações climáticas, por exemplo, exigem uma abordagem criativa e inovadora para a sua solução.

A questão que se coloca é: como podemos fomentar o pensamento criativo e inovador nos cidadãos? Acreditamos que as respostas passam pela Educação... e por uma Educação inovadora e criativa.

É aqui que falamos do conceito de Inovação Pedagógica que tem merecido bastante atenção nacional e internacional, nomeadamente no contexto do ensino superior.

O ensino inovador pressupõe uma mudança de paradigma. A educação tradicional, marcada por aulas expositivas e teóricas, pela memorização de conceitos, e pelo docente enquanto figura de autoridade e detentor do conhecimento, tem-se revelado pouco eficaz para formar indivíduos capazes de responder aos desafios globais deste século.

A Inovação Pedagógica propõe a transformação do processo de ensino-aprendizagem, tornando-o significativo, envolvente, eficaz e eficiente. Neste novo paradigma, o estudante é autor da sua aprendizagem, desempenhando um papel ativo na construção do seu conhecimento.

A “sala de aula”, ou melhor a “aula”, passa a ser espaço e tempo onde o estudante é desafiado para, individualmente ou em grupo, assumir uma posição ativa para resolver problemas e desafios da vida real (por exemplo, propor soluções para projetar cidades sustentáveis), construir projetos em parceria com empresas, participar em debates e investigar de forma autónoma.

A utilização de metodologias de aprendizagem ativas como a Aprendizagem baseada em Problemas e Projetos, exige aos estudantes a mobilização de uma variedade de conhecimentos e o desenvolvimento de competências transversais como a criatividade, o pensamento crítico e o trabalho colaborativo, para solucionarem os problemas reais apresentados em contexto da aula.

Ora, esta abordagem fornece aos estudantes uma experiência de aprendizagem mais prática e envolvente, e próxima do que lhes será exigido em contexto profissional.

Tendo a inovação pedagógica como horizonte, a Universidade Católica Portuguesa tem vindo, ao longo dos anos, a fomentar iniciativas que perspetivam o desenvolvimento integral de cada estudante. Mais recentemente, criou o Católica Learning Innovation Lab, um laboratório de inovação pedagógica, onde docentes, estudantes e parceiros da comunidade ensaiam novas formas de ensinar e de aprender.

Estamos convictos de que este é o caminho para o ensino do futuro. Acreditamos que a “sala de aula”, ou melhor a “aula”, pode ser um laboratório de criatividade e inovação. Assim, aprendemos não só conteúdos e conceitos, mas também nos desenvolvemos enquanto cidadãos ativos, capazes de co-construir soluções sustentáveis e criativas para os desafios ambientais, sociais e económicos da Agenda 2030 das Nações Unidas.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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