O que é a Live Nation, a gigante que vai controlar a Ritmos & Blues e a Altice Arena?
A empresa é a maior promotora de eventos do mundo e accionista maioritária do Rock in Rio desde 2019. Por controlar mais de 70% do mercado, a companhia foi já acusada de práticas anticoncorrenciais.
A Autoridade da Concorrência anunciou esta quinta-feira que a empresa de entretenimento norte-americana Live Nation tinha comprado uma posição de controlo na promotora portuguesa Ritmos & Blues, assim como na empresa gestora da Altice Arena, Arena Atlântico.
A gigante da indústria do entretenimento é a accionista maioritária do Rock in Rio desde 2019, e organiza os festivais de Leeds, Reading e Download, no Reino Unido, e Lollapalooza, em vários países.
A fusão entre a Live Nation e a líder de bilheteira norte-americana Ticketmaster, para formar a Live Nation Entertainment, detém, desde 2010, segundo estima a CNBC, 70% do mercado de eventos ao vivo e de venda de bilhetes. Segundo o site da empresa, em 2022 a Live Nation Entertainment fez mais de 15 mil milhões de euros em receitas, uma subida de 44% em relação a 2021, ano marcado ainda por restrições da pandemia.
Live Nation sempre a crescer
A fusão sempre esteve envolta em controvérsia, por ter unido a maior promotora de concertos da indústria musical à maior empresa de venda de bilhetes do mundo.
Em Dezembro de 2022, a empresa foi alvo de um processo devido ao caos em torno da venda de bilhetes para a Eras Tour de Taylor Swift, que levou a que o site da Ticketmaster deixasse de funcionar, por um lado devido à grande procura por fãs, e por outro por causa dos bots que encheram os servidores.
A Ticketmaster acabou por cancelar a venda de bilhetes para os concertos desta cantora e compositora norte-americana, escreve a CNN, alegando "procura extraordinariamente alta e inventário de bilhetes insuficiente para responder a essa procura".
Segundo a Reuters, o tribunal federal acusou a empresa de violar leis anticoncorrenciais e de protecção do consumidor. A Live Nation negou todas as acusações.
O domínio de mercado levou a que a maioria dos espaços de espectáculo nos Estados Unidos fossem dependentes da empresa. Citado pela CNN, Jack Groetzinger, CEO da SeatGeek alegou que os proprietários dos espaços "temem perder concertos da Live Nation se não usarem a Ticketmaster".
Apesar das polémicas, desde a fusão que a Live Nation Entertainment tem vindo a crescer. Em 2013, adquiriu a Voodoo Music + Arts Experience, em 2016 a Union Events - a maior promotora de concertos independente do Canadá, e ainda a Big Concerts International, na África do Sul, entre outras.
Em 2012, aquando da venda pelo Estado do então Pavilhão Atlântico, o promotor Nuno Brancaamp, da Ritmos & Blues, tinha dito que a Live Nation estaria a "pensar no assunto e a decidir se vale a pena investir", adiantando que o negócio envolveria um "valor razoável" e que o investimento envolveria "uns milhões largos".
Na altura, a Ritmos & Blues tinha assinado um acordo que lhe permitia ser a promotora em Portugal dos espectáculos da Live Nation.
A Altice Arena, um dos edifícios construídos na zona oriental de Lisboa no âmbito da Expo-98, é um espaço multiúsos, com capacidade para acolher espectáculos de música e dança, congressos ou exposições, encontros Web Summit e ainda eventos desportivos.