O Observatório do Racismo e Xenofobia português anunciou à ministra da Igualdade Racial brasileira, Anielle Franco, que vai criar um prémio com o nome da activista Marielle Franco, para premiar investigadoras que se foquem nas áreas do racismo e xenofobia.
“[No encontro com o observatório português] eles disseram que vão criar um prémio Marielle Franco, com o nome da minha irmã, dando visibilidade, premiando pesquisadoras que tragam trabalhos de combate ao racismo e xenofobia”, afirmou a governante brasileira, mostrando-se muito “honrada com o prémio”.
A ministra que é irmã da activista que morreu assassinada em 2018 e se tornou um símbolo das vítimas da violência política no Brasil, destacou ainda que Marielle, de quem se assume “herdeira espiritual”, é um símbolo “da falta de acesso das mulheres negras a diversos sectores” e também “uma violência política extrema que cresce” em todo o mundo no quadro da polarização e dos extremismos existentes.
No Brasil, houve “uma polarização muito grande nos últimos anos, politicamente falando e ideologicamente também”, com um “populismo e essa onda crescente de ódio”, da desinformação também acentua a violência, afirmou a ministra, que diz nunca esquecer a irmã nas suas posições políticas.
“A gente tem uma missão de falar dos que já se foram, mas que deixaram tantos exemplos, tanta força” para os tempos actuais, justificou.
Anielle Franco foi um dos membros do Governo do Brasil que acompanhou o Presidente Lula da Silva numa viagem de quatro dias a Portugal. Durante a visita, a ministra brasileira reuniu-se com a ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Cataria Mendes, para discutir políticas de combate ao racismo que a comunidade brasileira enfrenta em Portugal e noutros países
“Vamos construir um futuro sem esquecer as dívidas do passado”, afirmou numa publicação no Instagram, numa alusão aos séculos de colonialismo português que resultaram na opressão do povo negro.