Meryl Streep vence Prémio Princesa das Astúrias das Artes
“A honestidade e responsabilidade na escolha dos seus trabalhos, ao serviço de narrativas inspiradoras e exemplares, transcendem o ecrã”, afirmou o júri do galardão.
O Prémio Princesa das Astúrias das Artes 2023 distinguiu esta quarta-feira, na cidade espanhola de Oviedo, a actriz norte-americana Meryl Streep, por "dignificar a arte da representação e conseguir que a ética e a coerência transcendam através do seu trabalho".
"Ao longo de cinco décadas, Meryl Streep desenvolveu uma carreira brilhante com uma série de interpretações em que dá vida a personagens femininas ricas e complexas que convidam o espectador a reflectir e formar um espírito crítico", referiram os jurados. "A honestidade e responsabilidade na escolha dos seus trabalhos, ao serviço de narrativas inspiradoras e exemplares, transcendem o ecrã e o palco com uma técnica de representação irrepreensível, munida apenas dos seus gestos, da sua voz e do seu olhar", afirmaram também, enaltecendo ainda o seu papel de "activista incansável em prol da igualdade".
Nascida em Summit, nos Estados Unidos, a 22 de Junho de 1949, Meryl Streep iniciou os seus estudos artísticos aos 12 anos, com aulas de canto a que juntou mais tarde a representação. A sua carreira de actriz começou nos teatros de Nova Iorque: actuou em várias produções da Broadway, incluindo a reposição de 1977 do drama de Anton Tchékhov O Cerejal.
Com três Óscares, oito Globos de Ouro, dois prémios BAFTA e três Emmys a marcarem pela positiva uma bem-sucedida carreira de mais de 40 anos, Meryl Streep é considerada uma das melhores actrizes contemporâneas. Mais popular pelos seus papéis no cinema, é celebrada pela sua versatilidade: segundo os críticos, possui uma extraordinária capacidade de interpretar uma grande variedade de personagens e reproduzir diferentes sotaques.
Detém o recorde histórico de nomeações para Óscares (21) e Globos de Ouro (32), sendo ainda uma das duas únicas actrizes vivas a terem levado para casa o primeiro dos dois galardões por três vezes: melhor actriz secundária por Kramer Contra Kramer, de 1980, e melhor actriz em A Escolha de Sofia (1983) e A Dama de Ferro (2012). Também interpretou papéis pelos quais ficou particularmente conhecida em filmes como A Amante do Tenente Francês, África Minha e Um Grito de Coragem.
A filmografia com algumas das suas personagens mais emblemáticas compreende ainda obras como As Pontes de Madison County, As Horas, O Diabo Veste Prada, o musical Mamma Mia e o quase-musical Florence - Uma Diva Fora de Tom. Os seus trabalhos mais recentes incluem Mulherzinhas e Não Olhem Para Cima.
A candidatura de Meryl Streep foi proposta pelo cineasta espanhol Pedro Almodóvar, vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias das Artes em 2006. A esta edição do galardão foram submetidas 44 candidaturas, de 20 nacionalidades. Este foi o primeiro dos oito Prémios Princesa das Astúrias que serão entregues este ano, naquela que é a sua 43.ª edição.
O galardão das Artes distingue "o trabalho de criação e aperfeiçoamento da cinematografia, do teatro, da dança, da música, da fotografia, da pintura, da escultura, da arquitectura e de outras manifestações artísticas". Em termos mais gerais, os Prémios Princesa das Astúrias distinguem o "trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário" realizado por pessoas ou instituições a nível internacional. Cada prémio consiste numa escultura de Joan Miró — símbolo que representa o galardão —, um diploma, uma insígnia e 50 mil euros.
O Prémio das Artes foi concedido, em anos anteriores, a personalidades ou entidades como a artista sérvia Marina Abramovic (2021), os compositores Ennio Morricone e John Williams (2020), o encenador inglês Peter Brook (2019), o artista William Kentridge (2017), o cineasta Francis Ford Coppola (2015), o arquitecto Norman Foster (2009), o músico Bob Dylan (2007), o guitarrista Paco de Lucía (2004), o realizador Woody Allen (2002) e o Sistema Venezuelano de Orquestras Infantis e Juvenis (2008).