De visita a Lisboa, Montenegro viu Moedas ultrapassá-lo de unicórnio
A tarde era de Luís Montenegro — o “Sentir Portugal” passava finalmente por Lisboa —, mas acabou por ser totalmente dominada por Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, que estava em casa.
Luís Montenegro, presidente do PSD, anda em périplo pelo país. Esta quinta-feira, de visita a Lisboa, numa tarde supostamente sua, Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, roubou-lhe toda a atenção. No fim, Montenegro lá acabou por ter alguma: afirmou, no contexto da TAP, que havia um “primeiro-ministro e quatro ministros a brincar com os portugueses”.
No âmbito do “Sentir Portugal” — o périplo que Montenegro está a fazer pelo país e que esta semana decorre em Lisboa —, o líder do PSD e Carlos Moedas, seu convidado por ser autarca do concelho, visitaram esta quinta-feira a Fábrica de Unicórnios do Hub Criativo do Beato e uma futura residência universitária na Alameda.
No Beato, o azul do céu e do Tejo misturavam-se: estava um dia inteiro e limpo — perfeito para fazer política. Montenegro e Moedas lideravam uma comitiva de cerca de 30 pessoas. Entre as inúmeras camisas azuis encontravam-se outras caras conhecidas: Filipa Roseta e Ângelo Pereira, ambos vereadores no executivo de Moedas, ou Luís Newton, presidente da junta de freguesia da Estrela, eram algumas delas.
A tarde era, supostamente, de Luís Montenegro — o “Sentir Portugal”, programa de seu cunho, passava, finalmente, por Lisboa —, mas acabou por ser totalmente dominada por Moedas. Estava em casa: os sorrisos, os cumprimentos, as conversas — tudo foi para si. Montenegro observava.
E observava porque Carlos Moedas, sobretudo, falava. Falava, falava, falava. Ria, ria, ria. E entre misturas febris de português com inglês — “Isto não é exciting, Filipa?”, perguntou a certa altura à sua vereadora para a Habitação, Filipa Roseta —, conquistava todas as salas. E fazia-o sabendo que o fazia: quando era preciso falar só em inglês — como quando visitou a SIXT, uma empresa de aluguer de carros cujo logótipo era cor de laranja, observou — mostrava toda a sua destreza nisso, colhendo gargalhadas alemãs ou nórdicas. Montenegro, por sua vez, ficava em silêncio.
“Até já, Carlinhos!”
Carlos Moedas enchia de tal forma as salas que a certa altura teve que ir apanhar ar. A comitiva dirigiu-se, então, para o “rooftop” do edifício. Lá chegados — um espaço amplo, cuidado, com vista para o Tejo — ouviram-se dois comentários. Entusiasmadíssimo, Moedas dispara de início, entre risos: “I want an office here! [Quero um escritório aqui!]”; seguiu-se-lhe — meio que se sobrepondo — Montenegro, que afirmou: “Isto dá para casamentos”.
Avançou-se “rooftop” adentro e Moedas continuava em frenesi: “Aqui dá para fazer jogging de manhã”, disse. Logo depois, dirigiu-se para uma das extremidades do telhado, apontou para um edifício devoluto e perguntou a Gil Azevedo, director executivo da Unicorn Factory, o que iria ser ali.
A comitiva seguiu para a Alameda Dom Afonso Henriques, onde visitou uma residência para estudantes que está em construção. Lá, Moedas e Montenegro, agora de capacete e colete amarelo fluorescente, percorreram corredores, subiram escadas e desceram escadas.
Tempo de sair e de falar aos jornalistas. Tempo de Montenegro. A estes, disse-lhes, entre outras coisas, a propósito da TAP, que tínhamos “um primeiro-ministro e quatro ministros (Finanças, Infra-estruturas, Assuntos Parlamentares e da Presidência) a brincar com os portugueses”. Chegado o fim da tarde, o líder do PSD e o presidente da Câmara de Lisboa despediram-se: “Até já, Carlinhos!”. O “Carlinhos” lá foi. Talvez um dia voltem a encontrar-se.