Porto Design Biennale propõe reflexão sobre o papel do design na emergência climática

A terceira edição do evento acontece de 19 de Outubro a 3 de Dezembro, entre Porto e Matosinhos, com curadoria do designer e professor Fernando Brízio. A água será o tema central.

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Nicolau da Costa e os enxames de abelhas selvagens, em Raposeira (2015) Vasco Célio

A terceira edição da Porto Design Biennale acontecerá de 19 de Outubro a 3 de Dezembro entre o Porto e Matosinhos, com curadoria de Fernando Brízio, e terá como tema Ser Água – Como fluímos e nos moldamos colectivamente, anunciou a organização esta manhã, em conferência de imprensa.

Através de um programa alicerçado em exposições, conferências, workshops e publicações, a bienal organizada pela esad-idea, em parceria com os municípios do Porto e de Matosinhos, parte de um dos quatro elementos, a água, para reflectir sobre o papel do design no actual cenário de emergência climática.

A água “é uma poderosa lente através da qual pensamos o mundo e a adaptabilidade do design às rápidas e incessantes transformações que se têm vindo a operar na realidade, onde o mundo que conhecemos está a desintegrar-se e ainda não sabemos como vai ser o próximo”, argumenta Fernando Brízio na sua proposta curatorial, citada em comunicado, assinalando que se prevê, para 2030, “um défice de 40% de água em relação à procura”.

Num evento que procura posicionar-se como um espaço de “diálogo entre a sociedade civil, a academia, a indústria, as instituições e agentes culturais nacionais e internacionais”, esta terceira edição propõe-se constituir uma “plataforma-laboratório transdisciplinar, de observação, pensamento, criatividade e aprendizagem”.

“Além de projectar melhores e mais eficientes usos da água, devemos conceber modelos de coabitação alternativa, simbiótica, entre humanos e mais que humanos, uma relacionalidade vantajosa e sustentável para todos”, nota o curador, que lecciona na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha. “Relações cooperativas, ecológicas, que abracem os vários espectros da realidade e da água, nas suas várias formas e lugares.” O programa da Porto Design Biennale procura, assim, aprofundar o entendimento e a relação que temos da água. “Vemo-la sobretudo como um recurso, uma superfície líquida aprisionada, separada da restante matéria. Isto restringe o modo como nos relacionamos com ela.”

Esta bienal terá Espanha como país convidado, num eixo programático que irá debruçar-se sobre a relação de proximidade com este território e a indústria da Galiza, sob curadoria do curador e crítico de arte espanhol David Barro.

De resto, a partir desta quarta-feira estão abertas as open calls para as Actividades Satélite, que que convocam designers e agentes culturais para apresentarem propostas que “explorem diversas formas de acção na forma de debates, workshops, publicações, intervenções”.

“Serão valorizados projectos que proponham interpretações críticas do tema desta edição, que consigam repensar os formatos tradicionais de apresentação pública e que alarguem a abrangência de públicos alcançados e as formas de com eles interagir. Para o efeito são concedidos apoios monetários.”

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