Rishi Sunak vai ser investigado por comissão parlamentar por causa de negócio da mulher

Primeiro-ministro britânico não declarou oficialmente a participação da mulher numa empresa de cuidados infantis que será beneficiada por um programa governamental.

Foto
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e a mulher, Akshata Murty Tristan Fewings/Pool via REUTERS

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, vai ser investigado pelo Parlamento por não ter declarado um possível conflito de interesses relacionado com um dos negócios da mulher.

A investigação foi aberta por Daniel Greenberg, o comissário parlamentar responsável pela supervisão da aplicação do código de conduta da Câmara dos Comuns, na quinta-feira, mas só esta segunda-feira é que foi divulgada no site desta entidade. Não é revelada a alegação sobre o qual Sunak será investigado, mas apenas que incide sobre a regra que obriga a que os deputados sejam “abertos e francos” no momento de declarar potenciais interesses pessoais que possam vir a colidir com as decisões que venham a tomar no exercício dos cargos públicos.

No entanto, Downing Street confirmou à imprensa britânica que o caso está ligado à participação da mulher do primeiro-ministro, Akshata Murty, numa empresa de cuidados infantis que está entre os possíveis beneficiários de uma nova medida de cariz social incluída no Orçamento do Estado apresentado em Março.

As notícias que davam conta das ligações de Murty à Koru Kids, uma agência especializada em providenciar cuidados infantis, surgiram no mês passado e levaram a oposição parlamentar a interrogar Sunak acerca de um possível conflito de interesses, dado que a empresa será uma das prováveis beneficiárias do reforço dos apoios a pessoas que costumam receber crianças em casa para cuidar delas. A medida foi apresentada pelo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, como parte do Orçamento.

Sunak não referiu a participação da mulher na empresa quando foi à Câmara dos Comuns para responder a perguntas sobre as medidas de apoio aos cuidados infantis, mas, poucos dias depois, o gabinete do primeiro-ministro enviou uma carta em que esclarecia que a ligação de Murty à Koru Kids foi dada a conhecer oficialmente e que iria figurar na sua declaração de interesses.

Esta segunda-feira, Downing Street reagiu à notícia da abertura da investigação mostrando-se disponível para colaborar no processo. “Iremos ajudar o comissário a clarificar como isto foi declarado de forma transparente como um interesse ministerial”, disse o porta-voz de Sunak, citado pela Reuters.

A oposição afirma que a ausência de uma actualização das declarações de interesses está a criar um “buraco negro de transparência”. “Se Rishi Sunak não tem nada a esconder, deve comprometer-se a publicar a declaração antes das eleições [locais] de Maio, para que o público a possa consultar por si próprio”, disse a vice-líder do Partido Trabalhista, Angela Rayner.

Não é a primeira vez que os negócios de Murty causam embaraço ao primeiro-ministro. No ano passado, o casal foi alvo de muitas críticas depois de se saber que a empresária de origem indiana usufruía do estatuto de “não-residente”, que lhe permitia ter o domicílio fiscal no estrangeiro e não pagar impostos sobre os rendimentos obtidos fora do Reino Unido.

Murty acabou por prescindir desse estatuto e comprometeu-se a pagar impostos no país onde vive.

Se a investigação acabar por concluir que houve uma violação do código de conduta, o comissário pode pedir a intervenção de uma outra comissão que, no limite, pode suspender ou expulsar Sunak do Parlamento.

Independentemente do que venha a ser apurado, é provável que a nova polémica em torno da mulher de Sunak desgaste ainda mais a imagem de um primeiro-ministro que foi escolhido com a promessa de afastar o Governo e o Partido Conservador de controvérsias como o caso das festas durante a pandemia que ficou conhecido como “partygate”.

Sugerir correcção
Comentar