Cansada e com queimadura de primeiro grau. Jovem resgatada no mar do Algarve terá alta em breve

Jovem foi arrastada numa prancha de paddle. “É preciso um instinto de sobrevivência, um autocontrolo, não entrar em pânico. Esta miúda é uma heroína”, concluiu o médico Horácio Guerreiro.

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A jovem desapareceu na praia do Coelho, em Vila Real de Santo António MUNICÍPIO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO/FACEBOOK

A jovem que esteve à deriva no mar durante mais de 20 horas e foi encontrada no domingo à tarde a 45 quilómetros da praia de Monte Gordo, em cima de uma prancha de paddle, poderá ter alta do hospital de Faro dentro de 24 horas.

“Encontra-se a recuperar bem, presumo que possa, por uma questão de precaução, ficar [internada] 24 horas”, informou o director clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), Horácio Guerreiro, adiantando que a adolescente se “queixa um pouco” a nível de sensibilidade muscular e da pele”, o que considera normal atendendo à odisseia vivida. “Os parâmetros vitais e analíticos estão bem”, sublinhou.

“A rapariga está algo prostrada, como é natural, depois de tanto tempo sem alimentação, exposta ao sol e com stress, mas está bem, está estável, não está desidratada. Tem manifestações de prostração, está sonolenta e com algumas dores a nível muscular, e cutâneas, mas não tem lesões graves”, afirmou Horácio Guerreiro.

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A directora da Pediatria naquela unidade de saúde, Elsa Rocha, fez um ponto de situação já na tarde desta segunda-feira. “Do ponto de vista clínico, está muito bem. A única coisa que tem é uma queimadura solar, primeiro grau”, informou a directora da Pediatria Elsa Rocha, fazendo questão de deixar duas mensagens: “Há que repensar o alargamento da época balnear. Isso pode fazer a diferença para todos nós”. Por outro lado, a médica ligada a vários projectos de acção cívica sobre a segurança das crianças defende que “em todos os desportos aquáticos tem que ser usado um equipamento de protecção”. Neste caso, a jovem não possuía colete salva-vidas.

Dando o estado de fadiga em que ainda de encontra, “provavelmente, hoje ainda não terá alta”, sendo transferida do Serviço de Observação (SO) para a enfermaria. “Só está a fazer medicação para as dores das queimaduras”. Em relação à hipotermia que terá sofrido, Elsa Rocha afirmou: “Não entrou [no hospital] com hipotermia, nem com desidratação”. Um dos elementos da equipa de resgate da Força Aérea (FA), que participou na operação de busca e de salvamento, disse ao PÚBLICO que a jovem estava perfeitamente consciente quando foi recuperada pelos militares da FA: “Vamos para casa?”, perguntaram-lhe. “Sim, vamos”, respondeu ainda no helicóptero a ser assistida por um enfermeiro.

Cargueiro resgatou a jovem

Erica Vicente, de 17 anos, desapareceu no sábado, arrastada pelo vento quando fazia paddle na praia do Coelho, em Vila Real de Santo António. Esteve mais de 20 horas no mar, em cima da prancha, tendo sobrevivido ao frio da noite e ao calor do sol durante o dia seguinte, só com o biquíni vestido. Um cargueiro, em trânsito para o porto de Tânger, resgatou a rapariga a 45 quilómetros da costa.

Transportada por helicóptero da Força Aérea, foi internada no serviço de Pediatria do Hospital de Faro, onde permanece sob vigilância, acompanhada da mãe. Nesta altura, as atenções dos clínicos concentram-se na “evolução da situação renal (entrada e saída de líquidos) e poderá ter alta brevemente”. A directora da Pediatria fará o ponto da situação ao meio-dia.

Questionado pelos jornalistas sobre se resistência de Erica Vicente, após tantas horas à deriva no mar, surpreendeu a equipa médica, Horácio Guerreiro respondeu que a situação é surpreendente para todos.

“Com tanto tempo no mar, em condições, penso eu, de stress máximo, é normal que seja surpreendente para todos. É preciso um instinto de sobrevivência, um autocontrolo, não entrar em pânico. Esta miúda é uma heroína, sem dúvida nenhuma”, concluiu. com Lusa

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