Finlandeses mostram primeira parte da vedação na fronteira com a Rússia
Temendo tentativas de desestabilização por parte da Rússia, o novo membro da NATO pretende proteger as zonas mais críticas da longa fronteira até 2026.
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Os trabalhos tinham começado no fim de Fevereiro, mas foi agora que as autoridades finlandesas chamaram os jornalistas para mostrar a construção dos primeiros três quilómetros da vedação que o mais recente membro da NATO está a erguer na sua fronteira de mais de 1300 quilómetros com a Rússia. A construção teve início perto do posto fronteiriço de Pelkola, nos arredores de Imatra, no Sudeste da Finlândia, em frente à localidade russa de Svetogorsk.
“A barreira não era um tema político antes da guerra” na Ucrânia, disse à Associated Press o brigadeiro general Jari Tolppanen, chefe da divisão técnica da Guarda de Fronteira. “Tudo mudou depois do ataque” da Rússia, afirmou, menos de duas semanas depois da adesão da Finlândia à Aliança Atlântica, a 4 de Abril.
A decisão de construir esta cerca de três metros de altura em malha de aço, com arame farpado no cimo e equipada com instrumentos de vigilância, foi tomada pelos deputados finlandeses em Outubro, a pedido dos guardas fronteiriços. Esta primeira secção deve estar terminada até ao Verão e os responsáveis prevêem cobrir até 2026 os 200 quilómetros considerados mais críticos – a maior parte da área de fronteira é muito remota e de difícil acesso.
O objectivo “não é parar nenhuma tentativa de invasão”, disse o gestor do projecto, Ismo Kurki, à Reuters. A ideia é proteger o país de possíveis tentativas de desestabilização da Rússia, a pensar nos acontecimentos que se viveram na fronteira da Polónia, no Inverno de 2021, quando a União Europeia acusou a Bielorrússia (país que serviu de plataforma à invasão da Ucrânia) de organizar a passagem de vagas de migrantes de países do Médio Oriente, oferecendo-lhes vistos e levando-os até à fronteira.
Os números das tentativas de cruzar a fronteira sem visto não aumentaram ao longo de 2022 em relação aos anos anteriores. Mas “isso pode mudar rapidamente, porque o contexto tornou-se imprevisível”, disse o coronel Mika Rytkönen, comandante da região Sudeste.
Entre 2015 e 2016, Moscovo fez com a Finlândia aquilo que os seus aliados bielorrussos fizeram na Polónia, conduzindo milhares de requerentes de asilo – oriundos principalmente do Afeganistão e do Iraque, mas também de outros países do Médio Oriente – para os postos fronteiriços na região da Lapónia, recorda a Reuters. Vistas como uma demonstração de força da Rússia, estas chegadas terminaram depois de o então Presidente finlandês, Sauli Niinistö, se ter encontrado com Vladimir Putin.
Com 5,5 milhões de habitantes e a maior fronteira europeia (e da NATO) com a Rússia, este é um cenário que o país não quer ver repetir-se.