Fabrico secular de telha em Viana do Castelo passa a ter rota no Turismo Industrial

Alvarães será a primeira Junta de Freguesia do Alto Minho a aderir à rede nacional do Turismo Industrial com um projecto tão diferenciador como os Fornos de Telheiros.

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O Forno Telheiro de Alvarães Geoparque Litoral de Viana do Castelo

A história do fabrico de materiais cerâmicos na freguesia de Alvarães, Viana do Castelo, que remonta ao século XVI, deu origem à Rota da Cerâmica que, a partir de sábado, 15 de Abril, passa a integrar a rede nacional do Turismo Industrial.

"Alvarães será a primeira Junta de Freguesia do Alto Minho a aderir à rede nacional do Turismo Industrial com um projecto tão diferenciador como os Fornos de Telheiros que se inserem na Rota da Cerâmica de Alvarães", afirmou à agência Lusa, o presidente da Entidade Regional Turismo Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins.

O responsável, que falava a propósito da assinatura, no sábado, às 15h30, do acordo de colaboração para a integração da Rota da Cerâmica de Alvarães na rede nacional do Turismo Industrial, felicitou "o município de Viana do Castelo e a Junta de Freguesia de Alvarães pela inovação e diferenciação que imprime à oferta do Turismo Industrial no Porto e Norte de Portugal".

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O Forno Telheiro de Alvarães Geoparque Litoral de Viana do Castelo

O percurso interpretativo, o primeiro no distrito de Viana do Castelo a integrar a rede nacional do Turismo Industrial, tem uma extensão de 15,6 quilómetros e passa por 13 pontos de interesse industrial, cultural e ambiental.

Para Luís Pedro Martins, a Rota da Cerâmica de Alvarães "apresenta-se como um activo de elevado valor para enriquecer a rede de parceiros do Turismo do Porto e Norte de Portugal, que se destaca no plano nacional como a região que detém cerca de 70% da oferta devidamente estruturada que integra a rede nacional do Turismo Industrial".

"A Rota da Cerâmica de Alvarães convida o visitante a mergulhar em experiências autênticas e originais, oferecendo um maior contacto com as comunidades e com os aspectos identitários de Alvarães. Estamos perante uma rota apelativa que interpela o visitante a ser, cada vez mais, um convidado/participante que interage com o património memória, transformando-o em oferta turístico-cultural autenticamente significante associada ao Turismo Industrial", sustentou.

Segundo a proposta de adesão da Rota de Alvarães ao Turismo Industrial, a que a agência Lusa teve acesso, "a indústria cerâmica esteve sempre presente no quotidiano da freguesia, tendo-se consolidado como um importante centro industrial".

O "caminho-de-ferro, existente desde 1875, teve uma função muito importante nesse sentido, assim como a rede de estradas, factores que contribuíram para a fixação de fábricas como a Jerónimo Pereira Campos, em 1921, e a Cerâmica Rosas, em 1950".

A Cerâmica Rosas, que transformava o barro vermelho extraído das inúmeras jazidas argilosas de Alvarães em tijolos e telhas comercializados para todo o país, é um dos 13 pontos de interesse da Rota da Cerâmica.

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Aspecto do interior do forno Geoparque Litoral de Viana do Castelo

Instalada próximo do bairro mineiro da Costeira, anterior à década de 50 do século passado e construído pelos trabalhadores do barro de Alvarães em terrenos então conhecidos por Tapada da Afonsa, a fábrica de cerâmica, edificada com tijolos de barro vermelho, tal como todas as suas naves, avista-se da Estrada Nacional (EN) 13.

Documentação recolhida pela Junta de Freguesia "atesta a existência de fornos de fabrico de telha desde o século XVI, mas é quase certa a sua anterioridade, pois há indícios de ter sido naquela zona que se fabricou alguma da telha que cobriu o Mosteiro da Batalha".

O fabrico de materiais cerâmicos na freguesia fica a dever-se a "uma grande quantidade de jazidas argilosas que possui, cuja qualidade é comprovada pelo facto de, num passado ainda recente, virem industriais de Leiria e Alcobaça comprar barro à freguesia de Alvarães".

O forno telheiro de Alvarães, ainda em funcionamento, foi construído na primeira metade do século XX e está classificado pelo Instituto Português de Arqueologia (IPA), encontrando-se actualmente vedado. Nas proximidades existiram outros fornos semelhantes, que foram progressivamente destruídos.

A assinatura do acordo de colaboração vai decorrer nos Fornos de Telheiros, em Alvarães. O momento integra o programa do I Encontro do Património Industrial do Alto Minho que decorre em Viana do Castelo na sexta-feira e no sábado.