Quando é que perder a erecção significa ter disfunção eréctil? E como lidar com ela?
Perder a erecção ocasionalmente não quer dizer que haja disfunção — apenas existe se os sintomas forem persistentes. Mas como falar sobre disfunção eréctil e lidar com ela?
Não conseguir ter uma erecção — ou perdê-la durante a relação sexual — pode ser "frustrante e incómodo". Mas é crucial distinguir a disfunção de uma dificuldade (que acontece ocasionalmente). Em qualquer dos casos, é importante "normalizar" e retirar o ónus da penetração, recomenda a psicóloga e sexóloga Vânia Beliz.
O que é a disfunção eréctil?
É a “incapacidade de manter uma erecção mesmo que exista desejo”. Esta disfunção pode manifestar-se logo no início da relação sexual, “o homem pode sentir excitação e não conseguir ter uma erecção”, ou pode acontecer durante a relação, manifestando-se através da “perda de rigidez”.
É importante ter em conta, no entanto, que a disfunção deve ser avaliada por um médico, uma vez que a ocorrência destes sintomas de forma ocasional não representa uma disfunção, alerta a psicóloga.
Mais ainda, “há pessoas que na masturbação conseguem ter uma erecção e só não conseguem quando estão com outra pessoa”. “Nesses casos, percebemos que aquela dificuldade não é orgânica, que há um factor psicológico.” E que é isso mesmo, uma dificuldade. Trata-se de uma disfunção quando estes sintomas são persistentes e se prolongam no tempo.
Que factores psicológicos podem provocar esta disfunção?
Apesar de ser mais comum em idades mais avançadas, e provocada por factores físicos, como uma doença crónica, há questões psicológicas que podem também ser responsáveis pela disfunção eréctil. A “ansiedade de desempenho” é bastante comum: “O medo de não correr bem, de não conseguir satisfazer a parceira ou parceiro”, aponta Vânia Beliz.
Quando há alguma dificuldade em relações sexuais anteriores, a pessoa “pode meter na cabeça que não consegue e, a partir daí, as falhas repetem-se”. Se “houver pressão por parte da parceira”, o problema pode também agravar-se.
Alguns medicamentos, como os antidepressivos e ansiolíticos, bem como o tabaco e o álcool, são factores importantes.
Como falar sobre a disfunção eréctil?
Num encontro ocasional pode ser “mais complicado” falar sobre o problema — “há muita expectativa e ansiedade para que as coisas corram bem”, o que pode contribuir negativamente.
Mas talvez seja melhor alertar: “Se é uma pessoa a quem isto acontece muitas vezes, penso que não perde nada em dizer que quando fica excitado pode ter alguma dificuldade”, defende a psicóloga. Esta abertura pode evitar momentos de “frustração e incómodo” e o sentimento de culpa por parte dos parceiros. “Normalizar é muito importante.”
Quando se trata de uma relação mais longa, normalmente "os sintomas não aparecem de um dia para o outro": "Começa por se perder um bocadinho a rigidez, vai havendo algumas falhas, até que depois o problema se instala." Vânia Beliz relembra que também os parceiros devem ser compreensivos e até "incentivar a pessoa a ver se está tudo bem do ponto de vista biológico, pois esse pode ser o primeiro sinal para outras doenças".
Como lidar?
"Os homens normalmente têm muita vergonha de falar, dizem que nunca aconteceu antes e ficam muito atrapalhados", refere a psicóloga. "É importante relativizar e procurar outro tipo de estimulação, não fixar apenas na função eréctil."
E isso pode ser feito através do “estímulo da parceira ou parceiro de outras formas, até conseguir ganhar confiança para a penetração”, recomenda Vânia Beliz. Acima de tudo, é relevante perceber que “a relação sexual não é só penetração” e que existem outras formas de conseguir ter prazer. “Às vezes basta começar a fazer outras coisas e a erecção volta.”
Há também alterações que podem ser feitas ao estilo de vida: praticar exercício físico, deixar de fumar e beber álcool e adoptar uma dieta saudável.
Para casos mais graves, há fármacos, tratamentos e ainda próteses penianas que favorecem a erecção. Mas só um médico os poderá recomendar.