Membro da dinastia Kennedy vai ser candidato às primárias democratas

Robert Kennedy Jr., sobrinho de JFK e filho do antigo procurador Robert Kennedy, vai candidatar-se à Casa Branca. É também um famoso activista antivacinas.

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Robert Kennedy ao lado da mulher, a actriz Cheryl Hines Reuters/BRIAN SNYDER

O advogado Robert Kennedy Jr., filho do antigo senador e procurador, Robert Kennedy, e sobrinho do antigo Presidente dos EUA, John Fitzgerald Kennedy, vai lançar-se como candidato às eleições primárias do Partido Democrata para tentar chegar à Casa Branca.

Além de ser membro de uma das dinastias políticas mais famosas dos Estados Unidos, Kennedy é um conhecido activista antivacinas que ganhou notoriedade com a eclosão da pandemia da covid-19. Ao longo das últimas décadas, o advogado especializado em direito ambiental tem sido muito activo na propagação de teorias que estabelecem ligações entre as vacinas e o desenvolvimento de doenças como o autismo.

Em 2011, fundou a Children’s Health Defense, uma organização não-governamental que se transformou numa das maiores difusoras de informações falsas acerca de cuidados de saúde. Antes, Kennedy tinha ganho notoriedade pelo seu trabalho em nome da ecologia, tendo sido um porta-voz de campanhas bem-sucedidas, como a da limpeza do rio Hudson, em Nova Iorque.

As suas posições radicais acerca das vacinas levaram vários membros da sua própria família a fazer condenações públicas. Em 2019, a sua irmã, o irmão e uma sobrinha assinaram um artigo de opinião em que alertavam para as “consequências mortais” das suas declarações.

Durante a pandemia, a rede social Instagram chegou a banir a sua conta pessoal, “pela partilha repetida de afirmações já desmentidas acerca do coronavírus ou as vacinas”, recorda a CNN. As contas da sua ONG no Facebook e no Instagram também chegaram a ser suspensas.

Kennedy publicou inclusive um livro em que acusa directamente o imunologista Anthony Fauci de ser responsável por um “golpe de Estado histórico contra a democracia ocidental”, por causa das medidas implementadas enquanto chefiou a agência responsável pela supervisão de doenças infecciosas.

A entrada na corrida presidencial era esperada. Num comício no New Hampshire no mês passado, Kennedy disse que “o principal obstáculo” à apresentação de uma candidatura tinha sido superado, referindo-se à “autorização” da mulher, a actriz Cheryl Hines.

Na quarta-feira, o tesoureiro da campanha do advogado, John Sullivan, confirmou o envio da documentação necessária para formalizar uma candidatura, segundo a CNN, ficando a faltar apenas o anúncio oficial.

O último membro da família Kennedy a ocupar um cargo político foi o sobrinho de Robert, Joe Kennedy III, que foi congressista e perdeu nas primárias de 2020 para um lugar no Senado pelo estado de Massachusetts. O irmão de Robert, Joseph, chegou a ser congressista, entre 1987 e 1999, e, mais recentemente, outro irmão, Chris, foi candidato a governador de Illinois, tendo sido derrotado em 2018.

A segunda mulher de Robert, Mary, suicidou-se em 2012, numa altura em que estavam em processo de divórcio, num caso que concentrou as atenções do país como mais um episódio da chamada "maldição dos Kennedy".

É muito improvável que o filho do antigo procurador, assassinado em 1968 quando era candidato à presidência, consiga apresentar-se como um candidato competitivo pela nomeação democrata. Até agora, apenas a escritora Marianne Williamson apresentou uma candidatura às primárias, mas a expectativa é que o actual Presidente, Joe Biden, se apresente para a reeleição.

No Partido Republicano, o cenário é mais incerto, embora o ex-Presidente Donald Trump seja favorito. A ex-embaixadora nas Nações Unidas, Nikki Haley, o ex-governador do Arkansas, Asa Hutchinson, e o empresário Vivek Ramaswamy são os únicos que, além de Trump, avançaram com candidaturas, enquanto outros nomes fortes, como o do governador da Florida, Ron DeSantis, e do ex-vice-Presidente, Mike Pence, ainda estão a ponderar fazê-lo.

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