Ricardo Leitão e Rita Furtado vencem Prémio Manuel Graça Dias
Os arquitectos concorreram a esta primeira edição do prémio com o projecto “Casa em Freamunde”, que realizaram em 2021 para uma habitação de dois pisos, construída de raiz.
Os arquitectos Ricardo Leitão e Rita Furtado, autores da "Casa em Freamunde", são os vencedores da primeira edição do Prémio Manuel Graça Dias para uma primeira obra, no valor de 20 mil euros.
Esta primeira edição do galardão, que visa "reconhecer e celebrar a qualidade da arquitectura produzida por arquitectos com formação recente", contou com 31 candidaturas, indica um comunicado da Ordem dos Arquitectos. O prémio será entregue a 11 de Abril, às 17h30, no Teatro Luís de Camões, em Lisboa.
O júri decidiu ainda atribuir menções honrosas à "Casa-Atelier", da autoria da arquitecta Maria João Rebelo, ao "Edifício General Silveira", da autoria dos arquitectos Tiago Antero e Vítor Fernandes, e à "Casa com Muitas Caras", da arquitecta Ana Luísa Soares.
As candidaturas foram avaliadas em função da afirmação da importância, valor e mensagem desta primeira edição do prémio, que constitui uma evocação do arquitecto Manuel Graça Dias (1953-2019), destacando a "qualidade arquitectónica, inventividade e considerações ambientais".
O júri da primeira edição do Prémio Manuel Graça Dias foi presidido pelo arquitecto e professor universitário Sergio Fernandez, e integrou os arquitectos Sofia Isidoro (por indicação do Ministério da Cultura), Ana Vaz Milheiro (por indicação da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte) e Inês Vieira da Silva e Egas José Vieira (ambos por indicação do Conselho Directivo da Ordem dos Arquitectos).
Analisadas as diferentes candidaturas, cujo nível geral de qualidade foi elogiado genericamente pelo júri, a deliberação, por unanimidade, recaiu sobre a "Casa em Freamunde", da autoria dos arquitectos Ricardo Leitão e Rita Furtado.
A "Casa em Freamunde" (2021) é uma obra de raiz, construída em contexto urbano descaracterizado, para uma pequena habitação de dois pisos, inserida num lote com limites definidos por outras construções.
O projecto "preserva a escala das volumetrias próximas e, respeitando as características dos arruamentos envolventes, afirma a sua presença com uma fachada, a norte, assumidamente bidimensional, de desenho quase provocatório que, claramente, dá novo significado aos alinhamentos daqueles", segundo o júri.
"Com um elaborado e inventivo tratamento plástico e espacial, o dispositivo entrada-escada-chaminé constitui-se como elemento primordial de aglutinação e distribuição de toda a casa, ampliando a sua vivência através de uma premeditada fluidez", acrescenta.
A criação do prémio foi anunciada pela Ordem dos Arquitectos em Outubro de 2022, como homenagem ao arquitecto Manuel Graça Dias, "figura ímpar da arquitectura portuguesa nas muitas dimensões que desenvolveu, como profissional, crítico, editor, divulgador, entre outras".
Ao associar o nome de Manuel Graça Dias a um prémio de primeira obra, a Ordem dos Arquitectos propôs-se "sublinhar a imaginação, inconformismo, disponibilidade e generosidade" que aquele arquitecto, que morreu em 2019, aos 66 anos, sempre demonstrou.
Manuel Graça Dias nasceu em Lisboa, onde se licenciou em arquitectura em 1977, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, iniciando-se profissionalmente, no ano seguinte, como colaborador do arquitecto Manuel Vicente, em Macau.
Em 1990, criou em Lisboa, onde vivia e trabalhava, o ateliê Contemporânea, com Egas José Vieira. Os dois propuseram uma abordagem aberta ao edifício do Teatro Luís de Camões, na Ajuda, inaugurado em 1880 e que a câmara de Lisboa reabriu, renovado, em Junho de 2018, com a designação de LU.CA.
Obteve o 1.º lugar no concurso para o Pavilhão de Portugal na Expo'92 em Sevilha, Espanha, bem como o 1.º lugar no concurso para a construção da nova sede da Ordem dos Arquitectos, nos antigos Banhos de S. Paulo, em Lisboa, ambos com Egas José Vieira.
Manuel Graça Dias dirigiu o Jornal Arquitectos, entre 2009 e 2012, a Ordem dos Arquitectos, de 2000 a 2004, e foi presidente da secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (2008-2012).
Em 2006, Graça Dias foi agraciado pelo então Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, com a Ordem do Infante D. Henrique (grau comendador).