Stoltenberg avisa China para “consequências graves” em caso de “ajuda letal” à Rússia

Secretário-geral da NATO afirma que deslocação de armas nucleares russas para Bielorrússia mostra “promessas vãs” da declaração Rússia-China. Critica Pequim, mas diz que não é ainda “adversário”.

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Jens Stoltenberg criticou duramente a China, mas disse que não a considerava "adversária" OLIVIER MATTHYS/EPA

Qualquer “apoio letal” dado pela China à invasão russa da Ucrânia seria um “erro histórico com consequências graves”, declarou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.

“Até agora não conseguimos confirmar qualquer fornecimento de ajuda letal, mas é algo que seguimos muito de perto”, disse Stoltenberg, esta quarta-feira, numa conferência de imprensa em Bruxelas, citado pela Euronews.

Questionado sobre quais seriam as consequências graves para a China a que aludiu repetidas vezes na conferência de imprensa, Stoltenberg não quis especificar: “Não há necessidade de entrar em detalhes, mas a China sabe o que aconteceria”, cita a agência Lusa.

O anúncio do Presidente russo, Vladimir Putin, de que irá deslocar armas nucleares tácticas para a Bielorrússia mostra que a declaração China-Rússia de há poucos dias foi apenas uma “promessa vã”, declarou ainda, citado pela Reuters.

Putin fez o anúncio da deslocação no final de Março, poucos dias depois de Rússia e China fazerem uma declaração conjunta, durante a visita que Xi Jinping fez a Moscovo, em que era mencionado que os países não deviam deslocar armas nucleares para fora das suas fronteiras. O anúncio de uma acção contrária de Putin, mostra que as declarações são “promessas vãs” e que a NATO “tem de observar de perto o que a Rússia está a fazer”.

No entanto, Stoltenberg disse que não tinha visto sinais de que a Rússia estivesse a concretizar o anúncio de Putin.

O secretário-geral da NATO voltou a criticar a China por fazer “eco da propaganda russa” e por “continuar a recusar condenar a agressão brutal” à Ucrânia.

Stoltenberg voltou a lembrar que Moscovo está cada vez mais dependente de Pequim, em parte por causa das sanções internacionais impostas a Moscovo na sequência da invasão russa da Ucrânia. “O comércio com a China tornou-se ainda mais importante para a Rússia”, declarou.

“O comportamento assertivo da China é um desafio aos nossos interesses, aos nossos valores, à nossa segurança”, cita a Euronews. Mas Stoltenberg acrescentou que apesar do aumento da tensão e vários pontos de fricção, a NATO ainda não considera o país como “um adversário”.

Na mesma conferência de imprensa, Stoltenberg apelou a Moscovo que libertasse o jornalista do Wall Street Journal Evan Gershkovich, preso na semana passada na Rússia. “É uma questão de liberdade de imprensa”, declarou.

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