TAP: Montenegro diz que Medina “está cada vez mais diminuído”. PSD chama Galamba ao inquérito

Presidente do PSD exige explicações do primeiro-ministro e ataca o PS por utilizar o Presidente da República enquanto “peão”.

Foto
Luís Montenegro, presidente do PSD LUSA/FERNANDO VELUDO

O presidente do Partido Social Democrata apontou o dedo ao ministro das Finanças, Fernando Medina, acusando-o de estar "cada vez mais diminuído" politicamente, afectando a autoridade de António Costa. Depois da audição da ainda CEO da TAP na comissão de inquérito à operadora aérea, o PSD vai pedir explicações ao ministro das Infra-estruturas João Galamba. Luís Montenegro defende que também o primeiro-ministro tem de se explicar.

Para o líder social-democrata, "há uma confusão entre o Estado e o PS" e "abusos de posição" por parte do partido que detém a maioria absoluta. "O ministro das Finanças está cada vez mais diminuído do ponto de vista político, porque, na sua órbita, acontecem coisas que ele diz não saber; não conhecer e, que, no fundo, diz não dominar. Mas que acontecem perto de si", disse ao início da tarde desta quarta-feira.

O presidente do PSD referia-se à atitude de Fernando Medina que, segundo Christine Ourmières-Widener, lhe pediu que se demitisse na véspera do próprio anunciar a saída da administradora executiva.

Luís Montenegro criticou ainda a ligação entre o CFO da empresa e o Ministério das Finanças, que mantinham contactos permanentes, tornando-se "cada vez menos crível que o ministério não tivesse sido informado de toda a evolução da situação relativa à indemnização".

"​Mentira, logro, indecência, displicência, promiscuidade e desonestidade são tudo características do comportamentos do Governo neste dossier", caracterizou o social democrata, que defende que a falta de conhecimento por parte de Medina pode ter duas justificações: ou o ministro das Finanças tem mentido nas suas declarações, ou tem um comportamento "displicente".

"Das duas umas: ou o ministro das Finanças está a faltar à verdade, que é uma coisa que eu não quero sequer colocar como hipótese, ou então tem um comportamento tal maneira displicente, de tal maneira ligeiro que, efectivamente, a sua autoridade está posta em causa", insistiu, considerando que o comportamento de Fernando Medina prejudica também "a autoridade do primeiro-ministro".

Nas declarações de Montenegro houve ainda críticas à atitude do ex-ministro Pedro Nuno Santos, que "não mentiu só ao dizer não ter conhecimento da indemnização à engenheira Alexandra Reis", como foi "pedra fulcral na decisão do valor" da mesma, assegurando, numa fase inicial, não ter conhecimento de nada.

Entretanto, fonte oficial do PSD revelou que o partido irá requerer a ida de João Galamba à comissão de inquérito à gestão da operadora aérea, isto depois de ter sido revelado que foi o gabinete do ministro das Infra-estruturas a promover a realização de uma reunião entre elementos do executivo e do PS com a CEO da TAP antes da primeira ida de Ourmières-Widener ao Parlamento, em Janeiro.

"Este comportamento, ao estilo 'donos disto tudo', expõe um ambiente institucional poluído pelos abusos de poder próprios das visões totalitárias do Estado." Para Montenegro, reuniões deste género violam "a moral e ética republicana" e ferem "a autoridade política dos ministros" que nelas participam.

Em causa esteve também o e-mail enviado pelo próprio secretário de Estado, Hugo Mendes, em que dava indicações para alterar a data do voo de Marcelo Rebelo de Sousa. Isto "expõe o Presidente da República a uma situação que decerto não solicitou". Trata-se de uma "visão instrumental que o Governo tem do Presidente da República, que aparece aos olhos dos membros do Governo como um peão do PS ao serviço da sua agenda".

"De que tem medo António Costa?"

Luís Montenegro defende que o Governo "não tem uma verdadeira preocupação com a TAP", tendo sempre em vista "o que é mais favorável" ao partido. A TAP foi mesmo deixada "a voar às cegas, sem rota e sem piloto e com o dinheiro de todos nós", atirou.

"Doutor António Costa, não se esconda atrás dos 50 assessores e especialistas de comunicação que lhe dizem para nunca falar da TAP. Governar é assumir responsabilidades", mas a audição da passada terça-feira "demonstrou claramente, mais uma vez, que o Governo e o doutor António Costa apenas pensam na sua sobrevivência", disse.

O líder do maior partido da oposição exigiu, à semelhança da Iniciativa Liberal, que Costa apresente esclarecimentos ao país, questionando-o directamente: "De que tem medo o doutor António Costa para prestar esses esclarecimentos ao país?".

Questionado várias vezes sobre se iria pedir a demissão dos ministros envolvidos directamente na situação da TAP, Montenegro limitou-se a dizer que os ministros que trabalham com António Costa são escolha directa do mesmo, pelo que só ele deve ser responsabilizado.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários