Moedas aceitou convite de homólogo de Kiev para visitar Ucrânia
Vitali Klitschko recebeu a chave da cidade de Lisboa e não se cansou de agradecer o apoio de Portugal. Moedas garantiu que vai continuar a apoiar o país em guerra.
A baixa lisboeta foi engalanada na manhã desta terça-feira com bandeiras de Portugal, Ucrânia e do município de Lisboa para receber Vitali Klitschko, presidente da Câmara Municipal de Kiev. O autarca do país invadido pela Rússia recebeu as chaves da cidade e agradeceu várias vezes o apoio que Portugal tem dado ao seu país e recebeu a garantia de Carlos Moedas de que o nosso país e Lisboa não vão faltar com nada à Ucrânia e aceitou o convite do seu homólogo para visitar Kiev.
O executivo camarário, representantes de quase todos os partidos, embaixadores de vários países do mundo e membros da comunidade ucraniana em Portugal receberam Vitali Klitschko no salão nobre da Câmara Municipal de Lisboa (CML). E o presidente da autarquia começou logo por dizer ao presidente da câmara de Kiev que “Lisboa é Ucrânia” desde a primeira hora do conflito. “Logo no dia 24 de Fevereiro de 2022 fomos à varanda da CML, onde foi declarada a República portuguesa, gritar ‘somos Ucrânia’”, afirmou.
Carlos Moedas (PSD) lembrou os vários apoios que a CML tem dado à Ucrânia, os muitos refugiados que recebeu e garantiu que esse apoio nunca vai esmorecer enquanto o país em guerra precisar.
Na sua intervenção, o autarca alfacinha lamentou que a Europa se tenha dado conta da importância da NATO apenas com uma guerra em pleno território. “Lembro-me de as pessoas dizerem na União Europeia: ‘Ah, a NATO é inútil’. Não, este é o regresso da História, o despertar de todos nós, que nos deu na Europa uma razão para estarmos unidos”, acentuou.
Moedas disse ainda que “é uma pena que a razão seja a guerra, mas é o que é”. “Lembro-me que Putin falava da finlandização da NATO. Sabem que mais? Ele meteu a Finlândia na NATO. Foi exactamente ao contrário”, acrescentou.
Moedas considerou Klitschko “um herói contemporâneo e um símbolo da liberdade”, um homem extraordinário” e “um exemplo”, lembrando que ele é presidente da câmara de Kiev desde 2015.
Já Vitali Klitschko começou logo por agradecer o apoio que Portugal tem dado ao seu país e o facto de receber “milhares de refugiados”. “Obrigado do fundo do coração”, disse o antigo pugilista profissional com vários títulos mundiais.
O autarca ucraniano recordou que esteve em Portugal há quatro anos para assistir ao Festival da Eurovisão e rapidamente virou o seu discurso para a União Europeia.
“Temos de ter sucesso na economia, sucesso político e temos de ter sucesso na guerra para defender o nosso país. Esperamos muita ajuda dos nossos amigos para fazer reformas e levar a Ucrânia à grande família europeia. É de resto a nossa prioridade e o principal objectivo”, acentuou.
Klitschko acrescentou ainda que Vladimir Putin é contra este objectivo: “Não vai conseguir. Não vai vencer. A Ucrânia sempre quis ser um país de paz. Lutaremos sempre por ela, pelas nossas famílias e as nossas crianças. O que se está a passar na Ucrânia não é uma operação especial, não é uma guerra. É terrorismo, é genocídio.”
Na hora de entregar as chaves da cidade de Lisboa a Vitali Klitschko, Carlos Moedas chamou dois cidadãos ucranianos a viver em Portugal: Anatoly e Anton, pai e filho, os dois camionistas que conduziram as duas primeiras viaturas que levaram o apoio dos lisboetas ao seu país.
A cerimónia solene terminou com um momento musical a cargo de quatros jovens ucranianos refugiados no nosso país e que terminaram a sua actuação a cantarem o hino do seu país. “Slava Ucraini” (honra à Ucrânia), gritou Klitschko.
O autarca de Kiev está a visitar várias cidades do mundo para pedir ajuda com vista à defesa da Ucrânia e a libertação do território dos invasores russos.
Portugal concedeu mais de 59.000 protecções temporárias a pessoas que fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, segundo dados divulgados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) na segunda-feira. Lisboa é o município com mais protecções temporárias concedidas, 12.570, seguido de Cascais (3.798), Porto (3.042) e Sintra (1.997), de acordo com o SEF.