TAP: “Apure-se a verdade, seja qual seja, e doa a quem doer”, diz Costa

Primeiro-ministro recusa responder se considera que os resultados da comissão de inquérito poderão ter consequências para o Governo.

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António Costa, primeiro-ministro, reuniu-se esta terça-feira com os institutos politécnicos LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

António Costa foi esta terça-feira de manhã parco em respostas sobre as eventuais consequências para o Governo sobre a verdade que se for apurando na comissão de inquérito à gestão da TAP. Mas quis passar uma mensagem que parecia destinada à equipa das Infra-estruturas que foi liderada por Pedro Nuno Santos.

"Nunca estou preocupado quando se trata de apurar a verdade. Apure-se a verdade. O país nunca fica pior sabendo a verdade, pelo contrário, fica sempre melhor, seja a verdade qual seja e doa a quem doer", respondeu o primeiro-ministro quando questionado pelos jornalistas no final de uma reunião realizada esta manhã com os institutos superiores politécnicos.

António Costa tinha sido questionado sobre se está preocupado por a comissão parlamentar de inquérito poder mostrar uma gestão da TAP que não foi eficiente. Isto tendo em conta as trocas de mensagens entre os membros da administração da companhia e os membros do Governo que se foram conhecendo nos últimos dias e também a alegada indicação do actual ministro, João Galamba, para que os resultados da transportadora relativos a 2022, em que teve lucros de 65,6 milhões de euros, fossem anunciados apenas aos players do sector e não à comunicação social.

A ainda CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, é ouvida nesta terça-feira na comissão.

Perante a insistência dos jornalistas, Costa procurou rematar o assunto vincando que a TAP não foi discutida na reunião com os representantes dos institutos politécnicos e dos alunos. Mas teve que reafirmar que a verdade "nunca deve preocupar". "Não antecipemos resultados, deixemos trabalhar quem está a trabalhar e concluir os relatórios", pediu.

O primeiro-ministro reuniu-se na manhã desta terça-feira com o conselho coordenador dos politécnicos e com as associações de estudantes do ensino superior politécnico e prometeu continuar a investir na melhoria da acção social escolar. Agora a prioridade está no aumento da oferta de alojamento estudantil através dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que "permitirá duplicar as camas disponíveis", sendo que no politécnico se prevê um crescimento de 70%.

"O acesso ao alojamento é hoje a maior barreira para o acesso ao ensino superior", disse António Costa, que apontou que "o problema do país foi não ter investido a tempo e horas nas qualificações". E enumerou diversas medidas dos seus governos para colmatar essa falha, como o reforço do pré-escolar, a redução do abandono precoce no secundário, o aumento das vagas no ensino superior, a redução das propinas de mestrado e o aumento da capacidade dos politécnicos para concederem o grau de doutor.

Esta última medida é um "contributo para a internacionalização do ensino superior e para atrair jovens de todo o mundo", como acontece com Bragança, que é recordista em alunos estrangeiros. "É o [politécnico] mais longe dos grandes centros urbanos, mas o que ficará mais perto de uma estação de TGV", realçou o primeiro-ministro.

Que também reafirmou o objectivo de ter um novo regime jurídico do ensino superior até final de 2024. Essa revisão é "essencial para estabilizar os mecanismos de financiamento do ensino superior" e ter um "sistema mais justo e equitativo" para o financiamento das instituições, rematou.

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