NASA: revelados os nomes dos primeiros astronautas que vão voltar a orbitar a Lua

A agência espacial norte-americana acaba de anunciar os nomes dos astronautas que marcarão o regresso dos humanos à Lua — ainda que, para já, seja só numa viagem à volta do nosso satélite natural.

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A equipa que estará na cápsula da missão Ártemis II: Christina Koch, Victor Glover, Jeremy Hansen e Reid Wiseman (à frente) NASA

Passaram mais de 50 anos desde a última vez que algum humano andou perto da Lua – estávamos na última viagem do famoso programa Apolo, em Dezembro de 1972. Esta segunda feira, a agência espacial NASA anunciou os nomes dos próximos quatro astronautas que vão entrar na lista restrita de humanos que foram ou estiveram perto da Lua: Christina Koch, Jeremy Hansen, Victor Glover e Reid Wiseman são os primeiros tripulantes do novo programa espacial da NASA. Em Novembro de 2024, mais de 50 anos depois da Apolo 17, os quatro viajarão na missão Ártemis II, num percurso em torno da Lua que marcará o regresso ao nosso satélite natural – mesmo que, para já, seja uma relação à distância. Mais: será a primeira vez que haverá um astronauta que não é cidadão dos Estados Unidos (o canadiano Jeremy Hansen), uma mulher (Christina Koch) e um homem não branco (Victor Glover) a orbitar o nosso satélite natural.

O anúncio dos quatro astronautas decorreu, esta segunda-feira, no Centro Espacial Johnson, em Houston (Estados Unidos), juntou políticos, todos os astronautas da NASA e uma plateia que mereceu uma palavra de todos os intervenientes: meia centena de crianças e adolescentes que presenciaram um momento a lembrar os anos 1960 com o programa Apolo. “Vocês poderão caminhar na Lua e até aventurar-se em Marte”, afirmou Vanessa Wyche, directora do Centro Espacial Johnson, dirigindo-se às crianças presentes. ​. A tripulação, constituída por três norte-americanos e um canadiano, terá pela frente uma missão de um total de dez dias em que viajará à volta da Lua, antes de regressar a Terra.

“Eles vão voar até à Lua. Esta é a missão Ártemis II. É uma mensagem para o mundo de que escolhemos regressar à Lua e daí ir a Marte. E vamos fazê-lo todos juntos, porque no século XXI exploramos o cosmos com os nossos aliados internacionais”, anunciou Bill Nelson, administrador da NASA, antes de apresentar os quatro tripulantes.

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A tripulação da Ártemis II: Christina Koch, Jeremy Hansen, Victor Glover e Reid Wiseman NASA

Estes são os quatro astronautas que estrearão, enquanto humanos, a cápsula Órion que será projectada no espaço pelo foguetão Space Launch System (SLS, na sigla em inglês). São os dois componentes essenciais do novo programa espacial liderado pela NASA e que conta com a colaboração da Agência Espacial Europeia (ESA), a Agência Espacial Japonesa e da Agência Espacial Canadiana – e que já foram testados na primeira missão da Ártemis em Novembro de 2022.

A Ártemis I, que descolou à terceira tentativa, fez um percurso semelhante, mas não levava humanos – apesar da presença dos bonecos da Ovelha Choné e do Snoopy entre os passageiros, bem como de manequins para testar a radiação a que os astronautas vão estar sujeitos. A viagem de quase 26 dias correu praticamente na perfeição e mostrou as garantias necessárias para colocar humanos a bordo da cápsula Órion (que descola acoplada no topo do foguetão SLS).

Este é mais um passo para aquele que é o objectivo final: voltar a pisar o solo lunar. Em Novembro do ano passado, a NASA testou a cápsula e o lançamento da Ártemis. Esta segunda missão, em 2024, já vai colocar astronautas perto da Lua.

Mas será na Ártemis III, planeada para 2025, que é esperado o grande regresso à Lua, com dois membros da tripulação a saírem da cápsula Órion para pousar perto do pólo Sul da Lua. Aliás, para esta missão já há protótipos dos fatos que poderão ser utilizados no regresso ao satélite natural e na primeira vez que haverá humanos no pólo Sul lunar. Conhecemos o protótipo, mas não o desenho final. Uma coisa é certa: será branco, admitiu a NASA.

Quem são os quatro astronautas?

Se tudo correr bem, Christina Koch, Jeremy Hansen, Victor Glover e Reid Wiseman vão descolar do Centro Espacial Kennedy em Novembro de 2024. Regressarão dez dias depois com uma amaragem no oceano Pacífico e com uma volta à Lua completa: a primeira desde que, em 1972, Eugene Cernan, Harrison Schmitt e Ronald Evans visitaram o nosso satélite natural na missão Apolo 17.

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Representação da cápsula Órion a orbitar a Lua NASA

Desde a missão Apolo 8, quando William Anders, Frank Borman e Jim Lovell orbitaram pela primeira vez a Lua, já houve 24 astronautas a viajar até à Lua, todos norte-americanos. Destes, há 12 que caminharam no nosso satélite natural. A Ártemis II marcará a primeira vez que teremos um astronauta que não é norte-americano na Lua, neste caso o canadiano Jeremy Hansen, bem como a primeira mulher, a astronauta Christina Koch, e o primeiro homem não-branco, Victor Glover.

O comandante da missão Ártemis II será Reid Wiseman, piloto da Marinha de 47 anos que era até Novembro do ano passado responsável por um dos programas para astronautas da NASA.

Juntamente com ele, irão os especialistas da missão. Christina Koch, engenheira electrotécnica de 44 anos, já fez seis caminhadas espaciais na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), tendo inclusive passado 328 dias no espaço – um recorde para uma mulher. Também o canadiano Jeremy Hansen será um dos especialistas da missão, depois de ter sido o primeiro canadiano a ingressar nos treinos para astronauta da NASA.

O piloto da Órion será Victor Glover, também piloto da Marinha, que aos 46 anos já realizou quatro caminhadas espaciais, tendo estado seis meses na ISS. Em 2021, pilotou um dos voos ao espaço realizados pela empresa SpaceX.

A missão vai permitir testar em tempo real a capacidade dos sistemas de apoio à vida presentes na cápsula Órion, algo que já foi feito na Ártemis I, mas só com manequins desenvolvidos para simular o corpo humano. Além disso, servirá como ensaio para algumas manobras que serão aplicadas na missão seguinte, quando os astronautas alunarem.

A nave tripulada pelos quatro astronautas anunciados esta segunda-feira ficará a cerca de 10.000 quilómetros do lado mais distante da Lua (da perspectiva da Terra). Quando olharem pelas janelas da Órion, os astronautas poderão ver a Lua com o planeta Terra nas suas costas – e estarão a mais de 400 mil quilómetros de casa.

Destino final: Marte

A comparação entre as missões Ártemis e Apolo é inevitável: Ártemis é a irmã de Apolo e deusa da Lua na mitologia grega. E não faltam símbolos nos planos da NASA para este programa espacial. Depois do sucesso do primeiro voo, a Ártemis quer conjugar o regresso ao satélite natural da Terra, pôr pela primeira vez uma mulher e uma pessoa que não seja branca a caminhar na Lua e, ainda, dar o salto para Marte – a ambição final do administrador da NASA, Bill Nelson.

“A Lua é um local para fazer ciência e para prepararmos o próximo passo, um salto muito maior: ir a Marte. Em termos de sistemas de apoio à vida, questões médicas e psicológicas”, explicava David Parker, director da Agência Espacial Europeia (ESA) para a exploração humana e robótica, numa conferência de imprensa de antevisão do lançamento da Ártemis I, no final de Agosto.

O trampolim entre a Lua e Marte será a Gateway, uma estação espacial lunar que estará em órbita do nosso satélite natural e onde uma cápsula espacial poderá atracar. Será a primeira estação espacial em órbita da Lua e poderá permitir ter uma presença mais prolongada dos humanos no nosso satélite natural – e, claro, servir de paragem estratégica numa longa travessia para o “planeta vermelho”.

“A Ártemis II vai levar mais do que astronautas. Leva consigo as ambições e os sonhos de milhões de pessoas”, sintetizou Bill Nelson. Porquê ir à Lua? “Está no nosso ADN, faz parte de nós. Toda a humanidade olhou para este corpo celeste, a Lua. E já passou meio século desde que fomos lá. Bem, isso está prestes a mudar”, disse perante os aplausos entusiastas das centenas de pessoas presentes.

Falta o sinal para a Ártemis II avançar: nesse dia, daqui a um ano e meio, poderemos assistir ao segundo capítulo de uma história que nos quer levar a Marte.

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