Habitação: PCP e BE querem tectos para rendas

Na manifestação pela habitação, Paulo Raimundo e Catarina Martins (BE) criticam as medidas apresentadas por estas apenas beneficiarem a banca e os fundos imobiliários.

Foto
Paulo Raimundo, líder do PCP LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Paulo Raimundo não tem dúvidas: se fosse Presidente da República vetava o pacote da habitação do Governo, por serem hoje “ainda menos” do que leis-cartaz, como lhes chegou a chamar Marcelo Rebelo de Sousa. “O Governo transferiu todas as suas responsabilidades para as autarquias” e os benefícios fiscais e o investimento “para a banca e os fundos imobiliários”, afirmou o secretário-geral do PCP este sábado à tarde em Lisboa.

No primeiro caso, refere-se à responsabilização dos municípios em dois dos aspectos mais sensíveis do conjunto de leis apresentado na quinta-feira pelo Governo: as decisões relativas ao alojamento local e aos arrendamentos forçados.

Muito crítico do pacote da habitação apresentado pelo Governo, Paulo Raimundo juntou-se, na Alameda, em Lisboa, às manifestações em curso em várias cidades do país para apontar o dedo ao Governo. “O pacote não responde a nenhum problema de imediato às pessoas, se resolvesse não estavam milhares de pessoas nas ruas hoje”, disse em directo à CNN Portugal.

O líder do PCP lamentou ainda a falta de investimento do Estado no seu próprio património imobiliário. “Estive há um mês num bairro do IHRU, o Vale da Amoreira e vi como precisa de uma intervenção. É uma vergonha as condições em que está o património do Estado, até porque há dinheiro, mas é uma aposta que o Governo não quer fazer”, afirmou.

Também a líder do Bloco de Esquerda se juntou à manifestação em Lisboa em tom crítico para o pacote do Governo e defendeu a definição de limites máximos para as rendas, como fizera igualmente Paulo Raimundo.

"É preciso haver tectos nas rendas e que as casas vazias possam ser arrendadas", sustentou Catarina Martins, que criticou igualmente os benefícios previstos, que "chegam a um número muito reduzidos de pessoas e que, quando acabarem, os preços continuaram a subir", disse.

Catarina Martins defendeu que é preciso "acabar com o universo de benefícios fiscais e outros que tais que tornam as casas impossíveis para salários portugueses", bem como com "os vistos gold, agora com outros nomes". "Precisamos que as casas tenham preços justos", declarou.

Chega e IL queixam-se de burocracia

Fora da manifestação ficaram os líderes do Chega e da Iniciativa Liberal, mas sem se colocarem fora do problema da habitação. Os seus líderes, André Ventura e Rui Rocha, apontaram sobretudo à escassez de oferta de casa e queixaram-se da burocracia.

"Talvez começar por atacar a burocracia e a parte fiscal em vez de tomar medidas draconianas", aventou André Ventura, criticando o Governo por "passar ao lado de quem tem está a pagar um empréstimo ou juros e não consegue pagá-los". "Onde estão as medidas para apoiar os jovens que querem comprar casas?", questionou, para depois desafiar o Presidente da República a "ser coerente" e "vetar" as leis.

Já o liberal Rui Rocha focou-se na "escassez de oferta", nos "licenciamentos muito demorados" para construção, na"burocracia" e noutro "problema estrutural do país: os baixos rendimentos".

Sugerir correcção
Ler 4 comentários