Governo francês convoca sindicatos, mas não volta atrás na idade da reforma

A pretexto de falar sobre alguns pontos da legislação laboral, o executivo quer perceber se ainda há possibilidades de diálogo social em França.

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Um casal tira fotografias junto à Torre Eiffel, com lixo em primeiro plano NACHO DOCE/Reuters
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Nas últimas três semanas, Paris encheu-se de lixo BENOIT TESSIER/Reuters
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Nas últimas três semanas, Paris encheu-se de lixo YVES HERMAN/Reuters
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Nas últimas três semanas, Paris encheu-se de lixo YVES HERMAN/Reuters
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Nas últimas três semanas, Paris encheu-se de lixo NACHO DOCE/Reuters

Toneladas e toneladas de lixo tomaram conta de Paris nas últimas três semanas e criaram autênticas muralhas de sacos e dejectos em muitas ruas. Andar nos passeios ficou mais complicado, o cheiro de certos bairros tornou-se insuportável e as ratazanas e pombos disputam os detritos entre si.

A situação deve começar a melhorar progressivamente nos próximos dias, agora que os sindicatos que representam os trabalhadores da limpeza urbana decidiram pôr fim a uma greve que durou 23 dias. E que, além da paragem dos funcionários da recolha, dos do saneamento e dos cantoneiros, envolveu o bloqueio das três incineradoras de lixo que servem a cidade.

Foi quando já decorria a manifestação desta terça-feira contra a reforma de pensões de Emmanuel Macron que o sindicato mais representativo, afecto à CGT, anunciou a decisão de suspender a greve. “Temos necessidade de voltar a discutir com os trabalhadores da fileira do lixo e da limpeza da Câmara de Paris a fim de regressar à greve com mais força, porque já quase não temos grevistas”, admitia o comunicado. A adesão à greve foi baixando com o passar do tempo devido à perda de salário que estava envolvida, disse um cantoneiro ao Le Parisien.

Apesar de a greve ter sido desconvocada, o sindicato prometeu que “o combate não terminou, Macron e Borne devem retirar esta reforma e voltar à mesa das negociações”.

Na terça-feira à noite, depois de cumprido o décimo dia de mobilização nas ruas contra a reforma das pensões, a primeira-ministra convocou uma reunião com as principais centrais sindicais, que deve ocorrer no início da próxima semana. Élisabeth Borne não especificou o assunto que estará em discussão e Macron já disse que está disponível para discutir certos pontos da legislação laboral, mas não o aumento da idade legal da reforma, que passa de 62 para 64 anos.

O tema será incontornável, admitem alguns governantes ouvidos nesta quarta-feira de manhã, embora digam que “a ideia não é ter um segundo debate parlamentar à mesa da primeira-ministra”, como afirmou Clément Beaune, secretário de Estado dos Transportes, à rádio Europe 1. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Franck Riester, fechou totalmente a porta a qualquer discussão sobre a idade legal da reforma. “Na vida há momentos em que é preciso saber reconhecer que há assuntos em que não estamos de acordo”, disse à televisão Public Sénat.

Outro secretário de Estado, o da Indústria, deu a entender à France Inter que o objectivo da reunião será medir temperaturas. “A questão é saber se, quando concordamos em discordar, somos capazes de falar de outras coisas ou não. Eu penso que devemos falar de outras coisas”, disse Roland Lescure.

A reforma está agora a ser analisada no Conselho Constitucional (equivalente ao Tribunal Constitucional português), que nesta quarta-feira anunciou que tornará pública uma decisão a 14 de Abril. Os “sábios”, como são conhecidos os peritos deste organismo, vão ainda pronunciar-se sobre a possibilidade de realização de um referendo, como propõe a esquerda.

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